Griots cosmopolitas : mobilidade e performance de artistas mandingas entre Lisboa e Guiné-Bissau


Autoria(s): Höfs, Carolina Carret
Contribuinte(s)

Sobral, José Manuel

Sarró, Ramon

Data(s)

26/09/2014

26/09/2014

2014

2014

Resumo

Tese de doutoramento, Antropologia (Antropologia da Etnicidade e do Político), Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, 2014

Griots são detentores de um saber artístico complexo, conhecido como djaliá. Sua arte nasceu junto com o Império do Mande, ainda no século XIII, e desde então, vem sendo praticada por toda a África Ocidental. Os vemos actuarem em cerimónias rituais e religiosas, como baptizados, casamentos, celebrações do aniversário do Profeta e dos seus mortos e do fim do Ramadão, e, também, no que entendem como actuações modernas, realizadas em Centros Culturais, teatros, salas de concerto, bares, monumentos históricos. No trânsito entre Lisboa e lugares remotos da Guiné-Bissau, esses artistas actuam sozinhos e em grupos, obedecendo uma lógica de organização e hierarquia familiar que nos remete para a estrutura da sociedade mandinga, em que a djaliá é conhecida como um ofício especializado e seus artistas como herdeiros desse conhecimento por via de laços de parentesco e relações sociais. No transnacionalismo, casam suas aspirações ao mercado da world music e da arte com funções entendidas como parte do contexto tradicional, actuando como genealogistas, narradores, bardos, conselheiros, historiadores e mediadores. Na tensão entre o exercício de uma arte cravada na tradição e sua inclusão na chamada modernidade, a djaliá é renomeada como afro-mandinga, uma (re)apropriação da música africana criada na diáspora e recriada no seu retorno ao continente africano. É por meio dessa tensão que vemos o carácter cosmopolita desses griots, que incorporam à sua tradição aquilo que pensam necessários para a sobrevivência de sua arte. Na contemporaneidade, o afromandinga é uma enunciação de experiências e realidades que se conectam com um mundo da arte que ultrapassa as fronteiras da Guiné-Bissau ou dos seus países de destino da Europa, se fazendo reconhecível e conectado com o mundo do Mande.

Griots are the owners of the art knowledge, known as djaliá. Their art is born with the Mande Empire, in the 13th century and since then is being practiced all over West Africa. We can see them in ritual ceremonies, such as baptisms, weddings, celebrations of the Prophet birthday and of their dead and of the Ramadan ending, as well as in what they call modern performances in Cultural Centres, theatres, concert halls, bars or in the streets. In between Lisbon and Guinea-Bissau remote places, these artists perform by themselves or in groups and obey the organization and hierarchy of their family, which is connected to the structure of mandingo society that places djaliá as an specialized work and see griots as heirs of that knowledge by kinship and social relations. In transnational contexts, griots maintain what is considered part of their traditional roles (working as genealogists, narrators, bards, councillors, historian scholars and mediators) and also aspire to the world music and art market. In the tension between an art rooted in tradition and its inclusion in the so-called modernity, djaliá is named as afro-mandinga, a movement of appropriation of the African music created in the Diaspora and returned to African continent. It is by this tension that we can see those griots as cosmopolitans, who incorporate to the tradition what they think and feel necessary to their art survival. Nowadays, afro-mandinga enunciates experiences and realities connected to an art world outside Guinea-Bissau borders or of their host countries in Europe and make themselves visible and connected to Mande world.

Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/12136

101305206

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Teses de doutoramento - 2014
Tipo

doctoralThesis