A pureza perdida do desporto : futebol no Estado Novo


Autoria(s): Kumar, Rahul
Contribuinte(s)

Sobral, José Manuel

Data(s)

19/09/2014

19/09/2014

2014

2014

Resumo

Tese de doutoramento, Sociologia (Teorias e Métodos de Sociologia), Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, 2014

Ao longo deste trabalho interrogamos o lugar do futebol no Estado Novo e na cultura popular portuguesa da época. A presente investigação toma como objecto privilegiado a relação entre o futebol – como parte de um campo desportivo autónomo que se encontrava na década de 1940 no final de um processo de institucionalização – e o Estado Novo – um poder político que se procurava impor ao espaço social português, desde o início da década de 1930. A hipótese aqui apresentada é a de que o desenvolvimento do futebol e a sua inscrição na cultura popular portuguesa contemporânea não foram promovidas pelo Estado Novo, e pelas suas organizações, nem podem primeiramente ser compreendidas à luz de uma história política. Na primeira parte do texto, procuramos interpretar a história da introdução dos desportos modernos em Portugal, a partir dos seus agentes e instituições. É no âmbito dessa mesma história que situamos o processo de popularização do futebol. Na segunda parte, identificamos os programas ideológicos mas também os quadros institucionais a partir dos quais o Estado Novo procurou regular a esfera dos lazeres e influenciar a configuração do campo desportivo português. A distinção entre educação e física e desportos é, neste contexto fundamental. A intervenção política neste campo autónomo, e em particular no terreno do futebol, é analisada mais aprofundadamente com base no arquivo da Direcção Geral de Educação Física Desportos e Saúde Escolar. Na terceira parte, debruçamo-nos sobre o significado desta política, que continuou até ao inicio da década de sessenta a advogar o amadorismo como o modelo oficial para a prática desportiva. A restrição à mobilidade dos atletas desportivos serviu neste contexto como um meio para limitar a expansão do desporto competitivo e espectacular, porventura o propósito principal da politica desportiva do regime, solidamente alicerçada em determinados modelos de classe.

In this dissertation we explore the role played by football in the New State and its place in contemporary Portuguese popular culture. We claim that the development of football was not promoted by the State. Moreover, we sustain that this development cannot be understood in the light of a political history. The analysis is built around Bourdieu’s field theory, namely the relation between the political and sports fields in Portugal until 1960. The main argument is divided into three parts. In the first part we examine the agents and institutions responsible for the introduction of modern sports in Portugal. We situate the process of the popularization of football within that story. In the second part, we identify the ideological basis around which the New State’s sport program was built and the institutional framework created to regulate the sphere of leisure and influence the configuration of the Portuguese sports field. The difference between physical education and sports represented a fundamental dimension of that program. The analysis of the archive of the Direcção Geral de Educação Física Desportos e Saúde Escolar proved crucial to make sense of the political intervention of the state in this autonomous field. In the third part of this thesis we focused on one particular aspect of this policy: the persistence, until 1960, of amateurism as the only official model for the practice of sports. The prohibition of professionalism amongst athletes and the severe player transfer restrictions can be interpreted as instruments to contain the development of spectator sports.

Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/12091

101290608

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Teses de doutoramento - 2014
Tipo

doctoralThesis