Essa terra que tomo de conta : parentesco e territorialidade na Zona da Mata de Pernambuco


Autoria(s): Micaelo, Ana Luísa
Contribuinte(s)

Viegas, Susana de Matos

Data(s)

22/05/2014

22/05/2014

2014

Resumo

Tese de doutoramento, Antropologia (Antropologia do Parentesco e do Género), Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, 2014

A presente dissertação propõe entender como se constitui um assentamento rural ao longo do tempo, enfatizando a forma como a terra tem sido incorporada nos projectos familiares dos antigos moradores e trabalhadores assalariados de engenhos da cana na Zona da Mata de Pernambuco no Brasil. Procuro situar a problemática da apropriação da terra e das relações familiares subjacentes à conjugalidade, ao género e à transmissão da terra nas novas dinâmicas sociais e territoriais decorrentes do processo de reforma agrária. Para tal, parto das experiências vividas dos habitantes de um assentamento rural criado em 1998 onde realizei trabalho de campo com observação participante e proponho perceber como as suas biografias se inscrevem na história da terra contribuindo para o conhecimento desta fase histórica de reorganização do mundo rural brasileiro. A análise da territorialidade dentro dos assentamentos tem em conta as continuidades e rupturas que estabelece com o espaço do engenho, fazendo uma problematização da preponderância da unidade familiar tanto na presente concepção de reforma agrária, como nas antigas lógicas de trabalho e de residência que permanecem como referentes muito fortes para a maior parte da população. Mediante diferentes regimes de valor da terra em confronto, procuro enquadrar a discussão antropológica em torno dos conceitos de territorialidade, propriedade e posse da terra e compreender as práticas e os vários significados locais que o parentesco encapsula neste contexto, tendo nas casas e na terra uma chave para compreender a vivência quotidiana das relações entre parentes.

This dissertation posits an understanding of how a rural settlement (assentamento) is constituted throughout time by stressing the way in which land has been incorporated into the family projects of former sugarcane plantation wage workers and plantation dwellers (moradores de engenho) at the Zona da Mata de Pernambuco, in Northeast Brazil. I address the problematics of land appropriation and family relationships that underlie conjugality, by looking at gender and land transmission issues in the new social and territorial dynamics that follow from the undergoing Land Reform process. To do so, I start from the lived experience of the dwellers (assentados) of a specific rural settlement created in 1998, where I undertook fieldwork with participant observation, and seek to understand how their biographies are inscribed in the history of the land, thus contributing and adding to the knowledge about this moment in the reorganization of the brazilian rural world. The analysis of territoriality within the settlement takes into account the continuities and ruptures established with the space of the former plantation (engenho), problematizing the preponderance of the ‘family unit’ both in the present conceptions of Land Reform and in the older work and dwelling logics that are still today strong referents for the majority of the population. By the confrontation of different land value regimes, I try to frame the wider anthropological discussion on the concepts of territoriality, property and ownership of the land, and also to understand the practices and the various local meanings that kinship encapsulates in this context, having in the houses and the land a key to understand the daily living of relationships between kins.

Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, SFRH/BD/46957/2008 e SFRH/BD/61518/2009)

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/11037

101305222

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Teses de doutoramento - 2014
Tipo

doctoralThesis