A terapia de grupo na doença oncológica


Autoria(s): Pires, Ana Carla Seabra Torres
Contribuinte(s)

Pereira, Anabela Sousa

Monteiro, Sara Otília Marques

Data(s)

04/12/2014

04/12/2014

2014

Resumo

Existem milhões de sobreviventes de cancro da mama no mundo, em exponencial crescimento. Esta população pode apresentar preocupações relevantes acerca do futuro, depressão, ansiedade, sintomas pós-traumáticos, e comprometimento da qualidade de vida. As intervenções de grupo breves, estruturadas, especialmente as que incluem estratégias cognitivo-comportamentais, têm sido indicadas para esta população. O presente trabalho surge neste contexto, em que os estudos são escassos, especialmente em Portugal. Um conjunto de 5 estudos foi conduzido com o intuito de avaliar a eficácia de dois programas de intervenção de grupo breves e estruturadas de inspiração cognitivo-comportamental, um de tipo psicopedagógico e outro de terapia cognitivo-comportamental, em sobreviventes de cancro da mama. Nos primeiros dois estudos procedeu-se ao estudo das caraterísticas psicométricas de dois instrumentos de avaliação, o Questionário de Formas de Lidar com o Cancro (CCQ) e o Questionário de Saúde do Paciente (PHQ-9).Os dois estudos seguintes referem-se ao desenvolvimento dos programas de intervenção de grupo, acompanhados dos resultados preliminares. No último estudo avaliou-se a eficácia dos dois programas de intervenção na promoção do ajustamento psicossocial de 62 sobreviventes de cancro da mama, num estudo quasi-experimental, com pré e pós-testes e duas avaliações de seguimento (3 e 6 meses após a intervenção). Foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação: o CCQ; o PHQ-9; a Escala de Controlo Emocional (CEC); a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (EADH); o questionário de qualidade de vida da Organização Europeia de Investigação e Tratamento de Cancro com o módulo suplementar de cancro da mama (EORTC QLQ-C30 e BR-23); o Inventário Clínico de Autoconceito (ICAC); o Teste de Orientação de Vida - Revisto (TOV-R); o Perfil dos Estados de Humor (POMS); a Subescala de Crescimento Pessoal da Escala de Bem-Estar Psicológico (EBEP); a sub-escala de espiritualidade e o Inventário de estado-traço de ansiedade (STAI). Resultados: As sobreviventes que não tiveram intervenção apresentaram deterioração de dois domínios da qualidade de vida, a função cognitiva e a dor, para além de piores resultados na subescala de vigor. A deterioração dos domínios da qualidade de vida manteve-se aos 3 meses e extendeu-se aos sintomas da mama, o que não se verificou com o vigor. O grupo com intervenção psicoeducativa apresentou melhoria do autoconceito até aos 6 meses. Neste grupo também se observou um aumento do controlo emocional até aos 3 meses. O grupo de terapia cognitivo-comportamental apresentou aumento do estado de ansiedade e diminuição do funcionamento de papel no final da intervenção, diminuição do funcionamento emocional aos 3 meses e aumento na hostilidade e na confusão aos 6 meses. Ambos os grupos com intervenção apresentaram diminuição do traço de ansiedade aos 6 meses. Foram encontradas diversas correlações significativas destes efeitos com variáveis demográficas, clínicas e psicossociais. Conclusão: As intervenções de grupo breves, de inspiração cognitivo-comportamental, mostraram contribuir para a redução do traço de ansiedade a longo prazo e para a manutenção da função cognitiva, da dor, do vigor, e dos sintomas da mama nas sobreviventes. O programa psicopedagógico parece ser mais indicado para as sobreviventes, pelos efeitos no autoconceito, com maior extensão a longo prazo. São referidas implicações para a prática clínica e para a promoção da saúde mental desta população.

There is millions of breast cancer survivors’ worldwide, in exponential growth. This population can present relevant worries about the future, depression, anxiety, post-traumatic symptoms and low Quality of Life. Brief structured group intervention, and specifically those that include cognitive-behavioural strategies, have been indicated for this population. The current work arises in this context, in which there are few studies, especially in Portugal. A set of 5 studies was conducted in order to evaluate the effectiveness of two brief group intervention programs, inspired in cognitive-behavioral approach, a psycho-educational intervention and a cognitive behavioral therapy, in breast cancer survivors. In the first two studies we proceed to the study of the psychometric characteristics of two assessment instruments, the Cancer Coping Questionnaire (CCQ) and the Patient Health Questionnaire (PHQ-9). The next studies are related to the intervention programs’ development, accompanied by the preliminary results. In the last study, it was evaluated the efficacy of both intervention programs on promotion of psychossocial adjustment of 62 breast cancer survivors in a quasi-experimental study, with pre and post test and 2 follow-up assessments (3 and 6 months after the intervention). We used the following assessment instruments: CCQ; PHQ-9; Courtauld Emotional Control Scale (CEC); Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS); European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnaire with the Supplementary Questionnaire Breast Cancer Module (EORTC QLQ - C30 and BR -23); Self-Concept Clinical Inventory (ICAC); Life Orientation Test - Revised (LOT-R); Profile of Mood States (POMS); Personal Growth subscale of the Scale of Psychological Well-Being (EBEP) and Sub-scale of Spirituality and Inventory of State - Trait anxiety (STAI). Results: Survivors who had no intervention showed deterioration in two domains of quality of life, pain and cognitive function, in addition to worse result on vigor subscale. The deterioration on domains of quality of life remained 3 months later and extended to the breast symptoms, which was not verified with the vigor. The psycho-educational intervention group showed improvement in self-concept up to 6 months. This group also showed an increase in the emotional control up to 3 months. The group of cognitive-behavioral therapy showed increased state of anxiety and reduced role functioning at the end of the intervention, a decreased emotional functioning at 3 months, and an increased hostility and confusion at 6 months. Both intervention groups presented a decrease in trait anxiety at the 6 months. We found several significant correlations of these effects with demographic, clinical and psychosocial variables. Conclusion: Brief group interventions, based on the cognitive behavioral approach, contributed to the reduction of trait anxiety and to the maintenance of cognitive function, pain, vigor and symptoms of breast cancer in survivors. The psycho-educational program seems more suitable for survivors, due to the effects on self-concept, more extent to long term. Implications are referred for the clinical practice and for the promotion of the mental health of this population.

Doutoramento em Psicologia

Identificador

http://hdl.handle.net/10773/12938

101284454

Idioma(s)

por

Publicador

Universidade de Aveiro

Relação

FCT - SFRH/BD/44296/2008

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Psicologia forense #Cancro da mama #Psicologia do comportamento #Psicoterapia de grupo #Estratégias de adaptação emocional #Atitudes perante a doença #Oncologia #Sobreviventes #cancro da mama #intervenção de grupo #saúde mental #intervenção psicopedagógica #terapia cognitivo-comportamental
Tipo

doctoralThesis