O comércio intra-industrial brasileiro de 1990 a 2013: mensuração, decomposição e os determinantes

Em uma relação de bilateral,o comérciointra-industrial (CII)acontece quando os dois países exportam e importam produtos pertencentes a uma mesma indústria. Conforme apontam diversas pesquisas relacionadas a esse assunto, o intercâmbio intra-indústriade produtos tem aumentado sua participação nas transações bilaterais. Não obstante, os resultados mensurados para o comércio entre o Brasil e o resto do mundo revelam a predominância do engajamento inter-industrial em detrimento do intra-industrial. Observando dados de comércio que abrangem todos os produtos catalogados com seis dígitos no Sistema Harmonizado, esta dissertação investiga o comércio intra-industrial brasileiro entre o período de 1990 a 2013 sob suas duas formas: o intercâmbio de bens diferenciados horizontalmente e verticalmente. Ademais, a pesquisa de mensuração do CII vertical se dedica a definição dos lados superior e inferior, a fim de verificar se o Brasil é exportador ou importador líquido de bens verticalmente diferenciados de qualidade relativamente superior. Dentre a amostra de 57 países, as relações bilaterais em que o índice de Grubel e Lloyd (GL) se mostrou mais expressivo foram Argentina, Estados Unidos, México, Alemanha, Suécia, Uruguai, França, Itália, Reino Unido e Colômbia. Com relação aos setores que mais contribuíram para o índice que mensura o shareintra-industrial do comércio, destacam-se os ramos produtores de materiais de transporte e máquinas e materiais elétricos, também merecendo menção o setor de produtos químicos.Utilizando técnicas econométricas usuais da abordagem de dados em painel, a investigação dos determinantes do CII nos leva à aceitação da hipótese que relaciona o CII à presença de economias de escala. Além disso, os parâmetros estimados revelam que a distância geográfica que separa o Brasil de seu parceiro comercial prejudica mais o comércio intra-industrial vis-à-vis o inter-industrial. O processo de integração desencadeado pelo MERCOSUL, por sua vez, mostrou efeito positivo sobre o comércio intra-industrialvertical.

In a bilateral transaction, the intra-industry trade (CII) happens when both countries export and import goods that are produced in the same industry. As several researches about this subject have aimed, the share of intra-industry trade has been increasing over the years. Nevertheless, the measured results for trade between Brazil and the rest of the world reveal the dominance of inter-industry engagement at the expense of intra-industry. Using trade data that covers all goods of the Harmonized System at six-digit, this essay investigates the Brazilian intra-industry trade between the period 1990 and 2013 under its two kinds: the exchange of horizontally differentiated goods and vertically differentiated goods. Furthermore, with respect to vertical intra-industry trade, this research will focus on the definition of the upper and lower sides in order to verify if Brazil is a net importer or exporter of vertically differentiated goods with relatively higher quality. Among the 57 countries sample, the Grubel and Lloyd index showed that Brazilian intra-industry trade is, on average, more relevant with the following partners: Argentine, United States, Mexico, Germany, Sweden, Uruguay, France, Italy, United Kingdom and Colombia. Through the industry prism, the sectors that contributed most were the ones that produce transport materials, and electronic and electrical machinery, also deserving mention the chemistry industry. Exploiting customary econometric techniques in a panel data approach, the investigation of the determinants of CII leads to admit that the transaction of goods belonging to the same industryintensifies when Brazil trades with large markets benefiting scale economies. Moreover, according to the estimated parameters, the geographical distance that separates Brazil from its trading partners affects more the intra-industry trade than the inter-industry one.The process of trade integration triggered by MERCOSUR, in turn, shows positive correlation with vertical intra-industry trade.