A representação da saúde: uma análise crítica do discurso da revista Womens Health Brasil

Este estudo foi concebido com o intuito de preencher uma lacuna na área de Linguística, pois lida com o tratamento do tema da saúde e bem-estar em uma revista feminina brasileira, especificamente voltada para tal assunto. A presente dissertação objetiva discutir como o tema saúde e bem estar é apresentado na revista Womens Health Brasil, a qual apregoa em sua missão ser voltada para a saúde e bem estar da mulher moderna. A constatação inicial que se faz é que o tópico saúde e bem estar são produtos discursivamente comodificados, ou seja, é tratado como uma espécie de mercadoria. Tal constatação suscitou a necessidade de investigar de que formas esse processo ocorria. Adotou-se como embasamento teórico a perspectiva da Análise Crítica do Discurso (Fairclough, 1992), uma teoria e método de análise que compatibiliza análise de material linguístico e considerações sobre o uso social da linguagem e seus impactos no componente discursivo da identidade pessoal. Foram analisadas as edições de março e abril de 2015, bem como a edição online, com vistas ao preenchimento dos três níveis de análise propostos por Fairclough. Primeiramente, foram encontradas evidências micro e macro linguísticas (padrões lexicais, sintáticos e discursivos) que apontam para a existência de papéis sociais atribuídos à mulher e a relações de poder pautadas pela revista. Por terem sido transformados em um produto, saúde e bem estar são vendidos a um público especifico de mulheres, cuja identidade é projetada e construída discursivamente em termos de assimetria em relação à revista. O segundo nível estudado foi o da prática discursiva, em que se analisou a intertextualidade, que se apresenta como uma estratégia de ratificação dos valores transmitidos pela revista. Finalmente, identificou-se que existe uma formação identitária da leitora que tende a retratá-la como alguém desprovidas das informações necessárias para ser a mulher idealizada pela revista. O nível do discurso como prática social mostra que linguagem e sociedade colocam-se lado a lado no processo de formação de conceitos e valores que, frequentemente, tornam-se cristalizados, a exemplo do que ocorre no discurso da revista. As conclusões do trabalho apontam para a objetificação da saúde por meio de um discurso que induz ao consumo, à insatisfação pessoal e à uma falsa relação de parceria entre revista e leitora. Esta relação articula-se principalmente através da tentativa de vender uma série de produtos, dos quais a saúde é o principal pretexto.

This study was conceived to fill a gap in the area of Linguistics, as it focuses on the issue of wellness in a Brazilian female targeted magazine. The work aims to discuss how wellness is presented in the magazine Women's Health Brasil, whose mission specifically aims at the wellness condition of the modern woman. The initial finding that is made is that the topic of wellness is discursively commodified, i.e., it is treated as a kind of product. This finding raised the need to investigate in what ways this process occurs. As a theoretical basis, the perspective of Critical Discourse Analysis (Fairclough, 1992) was adopted, a theory and method of analysis that combines the analysis of linguistic material and considerations on the social use of language with its impact on the discursive component of personal identity. The March and April 2015 issues, as well as the magazines website, were analyzed in order to complete the three levels of analysis proposed by Fairclough. First, micro and macro linguistic evidence were found (lexical, syntactic and discursive patterns), pointing to the existence of social roles assigned to women and to power relations. As wellness is transformed into a product, it appears to be sold to a specific female audience, whose identity is designed and built discursively in terms of asymmetry in relation to the magazine. The second part of the analysis was at the level of discursive practice. This level encompassed intertextuality, which appears as a strategy that reinforces the values conveyed by the magazine. Finally, it was identified that there is an identity formation that tends to portray the reader as someone lacking the information necessary to be the woman conceived by the magazine. The level of discourse as a social practice shows that language and society are indeed put side by side in the formation of concepts and values that often become crystallized. This is similar to what occurs in the discourse of the magazine. The conclusions of the study point to the objectification of wellness through discourses that induce consumption, personal dissatisfaction and a false relationship between magazine and reader. This relationship is articulated mainly by the attempt to sell a number of products, wellness being a mere pretext.