Questão social em tempos de hegemonia neoliberal: a centralidade da mídia e o processo brasileiro de passivização
Contribuinte(s) |
Marilda Villela Iamamoto Silene de Moraes Freire Carlos Eduardo Montaño Barreto |
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Data(s) |
25/03/2015
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Resumo |
Este estudo objetiva apresentar contribuições para o aprofundamento do debate acerca da relação entre questão social e mídia no Brasil, articulando esta temática à discussão sobre as particularidades da formação social brasileira, com destaque para o conceito de revolução passiva no pensamento de Antonio Gramsci. A aproximação a este complexo campo de reflexão se dará, em seus aspectos gerais, pela articulação entre três grandes debates teóricos: a) o concernente à questão social, sobretudo a discussão realizada no interior do Serviço Social, pelo estudo de suas expressões e determinações fundantes, seu desenvolvimento histórico, as particularidades que assume na formação social brasileira e em tempos de hegemonia neoliberal; b) o denso debate sobre as particularidades do desenvolvimento histórico da formação social brasileira, tendo como fio condutor a noção de revolução burguesa, tal como desenvolvida por Florestan Fernandes. O diálogo com autores que trataram das especificidades do desenvolvimento capitalista e da instauração da ordem burguesa no Brasil, aporta não apenas elementos para se pensar na questão social no País, mas também, compreender a conexão entre a trajetória histórica da sociedade brasileira que, a nosso ver, é marcada por momentos de transição pelo alto (o que Gramsci chamou de revolução passiva) e a relevância e influência que a chamada grande mídia tem na sociedade brasileira atual; c) o debate teórico entorno do conceito de hegemonia no pensamento de Gramsci, no sentido de compreender a função e o lugar da grande mídia na luta de classes, articulando o conceito de hegemonia compreendido como a capacidade de uma classe formar e conservar seu poder através da direção intelectual e moral às noções de sociedade civil, senso comum, aparelhos privados de hegemonia, cultura, entre outros. Trata-se de uma análise de caráter fundamentalmente teórico-interpretativo, que não pode prescindir, assim sendo, de uma análise que, partindo do presente, se aproxime de processos históricos elementares para pensar o contexto atual, sobre o qual incide nossa proposta de estudo. Na condição de aparelho privado de hegemonia, a mídia burguesa cumpre a função de fabricar e difundir consensos que formam o senso comum e contribuem para a reprodução da passivização das classes subalternas. No Brasil, essa questão assume dimensão diferenciada, em virtude das recorrentes soluções pelo alto, típicas de uma revolução burguesa experimentada como revolução sem revolução, que marcaram a trajetória histórica do país. Nesse processo, o Estado assume protagonismo para preservar a hegemonia das classes dominantes, excluindo a massa do povo de exercer influência na direção da vida política e social através da repressão direta e da coerção e através da construção de estratégias destinadas à obtenção do consenso das classes subalternas. Com a hegemonia neoliberal, efetiva-se um aprofundamento da subordinação e passivização destas classes, por um novo processo de fragilização de seus aparelhos de disputa por hegemonia, ao mesmo tempo que grandes conglomerados midiáticos se formam e se fortalecem, interferindo em todas as esferas da vida social e participando na construção de uma direção hegemônica da sociedade que seja favorável à preservação da ordem. This study aims to provide input to deepen the debate about the relationship between "social issue" and media in Brazil, linking this issue to the discussion of the peculiarities of Brazilian society, especially for the concept of "passive revolution" in the thinking of Antonio Gramsci. The approach to this complex field of reflection will occur in its general aspects, by the articulation among three major theoretical debates: a) concerning the "social issue", particularly the discussion held within the Social Service, by the study of its expressions and founding determinations, its historical developing, the particularities that it assumes in the Brazilian social composition and the aspects that are part of its present; b) the dense debate about the particularities of the historical development of the Brazilian social formation, having as a guideline the notion of "bourgeois revolution", as developed by Florestan Fernandes. The conversation with authors that addressed the specificities of the capitalist development and the establishment of the bourgeois order in Brazil, brings not only elements to be considered in the "social issue" in the country, but also, understand the connection between the historical trajectory of Brazilian society - that, to our understanding, is marked by moments of passive transition (what Gamsci called "passive revolution") - and the relevance and influence that the so called big media has in the contemporary Brazilian society; c) the theoretical debate around the concept of hegemony in the thought of the Italian Marxist Antonio Gramsci, in a sense to understand the funtion and place of the big media in the struggle of classes, articulating the concept of hegemony - understood as the ability of a class to build and retain their power through the "intellectual and moral direction" - to the notions of civil society, common sense, "private" hegemony apparatuses, culture apparatuses, among others. This is an analysis of fundamentally theoretical and interpretive character, which can't do without, thus, of an analysis that, starting from the present, approaches elementary historical processes to think about the current context, over the one that our study proposal focuses. In the condition of "private" hegemony apparatus, the bourgeois media fulfills a function to fabricate and disseminate consensus that mold the common sense and contribute to the reproduction of the passivization of the subaltern classes. In Brazil, that issue assumes distinguished dimension, in virtue of the "solutions from above", typical of a bourgeois revolution experienced as "revolution without revolution", that marked the historical trajectory of the country. In that process, the State assumes leadership to preserve the hegemony of the ruling classes, excluding the mass of people to influence the direction of social and political life through direct repression and coercion and by building strategic elements aimed at achieving consensus of the subaltern classes. With the neoliberal hegemony, a deepening of subordination and passivization of these classes takes place, by a new process of weakening of its apparatuses of dispute for hegemony, at the same time as big media conglomerates are formed and strengthened, interfering in all social life spheres and imprint a hegemonic direction to society, favorable to the preservation of order. |
Formato |
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Identificador |
http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9208 |
Idioma(s) |
pt |
Publicador |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ |
Direitos |
Liberar o conteúdo dos arquivos para acesso público |
Palavras-Chave | #Hegemonia #Revolução passiva #Mídia #Questão social #SERVICO SOCIAL #Assistência social - Brasil #Brasil - Política social #Social issue #Media #Passive revolution #Hegemony |
Tipo |
Eletronic Thesis or Dissertation Tese ou Dissertação Eletrônica |