O hospício como morada: capturas e resistências nas práticas de cuidado em saúde mental


Autoria(s): Lívia Cretton Pereira
Contribuinte(s)

Heliana de Barros Conde Rodrigues

Eduardo Henrique Pereira Passos

Silvana Mendes Lima

Analice de Lima Palombini

Data(s)

19/03/2014

Resumo

Esta pesquisa é disparada a partir do encontro da pesquisadora com as chamadas moradias dentro de hospitais psiquiátricos no Estado do Rio de Janeiro. No seio da reforma psiquiátrica e da instalação de uma rede de assistência substitutiva ao hospício, ocorrem transformações também no interior deste último: humanizam-se as práticas, retirando de cena o eletrochoque, a lobotomia, a camisa-de-força, fazendo documentos como CPF, RG e etc. Contudo, a edificação manicomial permanece de pé com os seus grandes pavilhões, alguns agora travestidos em moradias, que tanto podem operacionalizar uma passagem de dentro para fora dos muros como perpetuar o hospício. O texto indaga por que motivo, a partir de um certo momento, inaugura-se um novo modo de organização em saúde mental, em que a antiga centralidade hospitalar se fragmenta em moradias internas e se difundem os novos serviços, ditos abertos, para em seguida afirmar que a construção de uma rede substitutiva não assegura, definitivamente, o fim da relação manicomial. Com o suporte teórico de Foucault e Deleuze, propõe uma discussão acerca da biopolítica da espécie humana, da coexistência de tecnologias disciplinares e regulamentadoras e da inauguração, na sociedade de controle, de um exercício de poder difuso, a céu-aberto, dispensando a coação física e a instituição da reclusão. O texto, entretanto, não se deixa abater por essas análises, mantendo suas apostas numa Reforma Psiquiátrica que propõe como um campo de disputas, de embates cotidianos. É então que a temática do cuidado entra em cena. Para tanto, faz-se uma releitura do período helenístico-romano através dos olhos de Foucault. O Cuidado de Si é apresentado ao leitor para, em seguida, ser estabelecido um contraponto entre o mesmo e o modo de ser sujeito moderno e cristão, com exercícios de renúncia a si e práticas de sacrifício, que em muito se assemelham à maneira como os trabalhadores vêm atuando, hoje, no campo da saúde mental. O texto procura dar pistas e visibilizar as resistências presentes em meio às tantas capturas postas em análise. Trata-se de uma experimentação de práticas de liberdade que se atualizem na operação de cuidado.

This research comes by the encounter with the researcher calls dwellings within Psychiatric Hospital in the State of Rio de Janeiro. Within the psychiatric reform and the establishment of a network of substitutive of hospice care, changes also occur in the interior of the latter: humanize yourself practices, removing scene electroshock, lobotomy, straitjacket, making documents, etc. However, the asylum building still stands with its large pavilions, some masquerading as houses, that can either operate a passage from inside to outside the walls as perpetuating hospice. The text asks why, from a certain point, opens up a new way of organization in mental health, where the old hospital centrality fragments into domestic dwellings and diffuse new services, said open, then to say that the construction of a replacement network ensures not definitely the end of the asylum relationship. With the technical support of Foucault and Deleuze, proposes a discussion on biopolitics of a human species, the coexistence of disciplinary and regulatory Technologies and the inauguration, in control society, a pervasive exercise of power, visible, eliminating the coercion physical and the institution of imprisonment. The text, however, does not leave surrender through these analyzes, keeping its bets in a psychiatric reform proposes that as a battleground, with daily clashes. It is then that the theme of care comes into play. To do so, it is a retelling of the hellenistic roman period through the eyes of Foucault. Care of itself is presented to the reader,then a contrast between himself and the way of being christian and modern subject with exercises and practical renunciation of self-sacrifice that much resemble the way to be established as workers are acting today in the field of mental health. The text seeks to give clues and visualize the resistances present in the midst of so many catches put into analysis. This is a trial of practices of freedom that the update care.

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PDF

Identificador

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=7013

Idioma(s)

pt

Publicador

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ

Direitos

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Palavras-Chave #Desinstitucionalização #Cuidado de si #Hospício #Deinstitutionalization #Self-care #Asylum #PSICOLOGIA SOCIAL #Hospitais psiquiátricos #Biopolítica #Cuidadores
Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica