Quando a economia engloba a saúde: o lugar da sexualidade e HIV/AIDS na agenda da OCDE.

A AIDS é a primeira pandemia do mundo globalizado que por meio de uma resposta condicionada por fatores estruturais retratam essa forma global de funcionar: enfraquecimento dos Estados nacionais, forte ênfase na eficiência tecnocrática, aumento da pobreza além de as organizações internacionais terem ocupado o lugar dos experts, indicando o melhor modelo de saúde a ser seguido. Este estudo é uma pesquisa documental que pretende mapear as orientações da organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em relação às questões referentes à sexualidade e ao combate da epidemia de HIV/AIDS a partir dos documentos publicados em seu site. A OCDE se constitui num fórum de países desenvolvidos que pretendem contribuir para o desenvolvimento da economia mundial a partir de uma efetiva cooperação entre seus membros. Congrega os participantes em comunidades de influência partilhando perspectivas de ações sobre questões cuja expertise modela as agendas nacionais e de outras organizações internacionais. Dentre os resultados encontrados, destaca-se a ideia do primado do econômico em detrimento de outras dimensões (social, política e cultural), principalmente nos debates sobre a globalização. A lógica econômica é o referencial de todo o tipo de intervenção silenciando os outros discursos como a discussão da sexualidade e dos direitos. Se queremos prevenir a transmissão do HIV pela via sexual, a mais importante em termos globais, significa que necessariamente temos que interferir na sexualidade das pessoas. Dois campos então se apresentam: um que se apoia na ideia que a sexualidade é uma dimensão fundamental da vida humana, é parte de uma política de afirmação de direitos e, portanto, indispensável na discussão sobre saúde, procurando interferir o mínimo possível para que as pessoas levem a vida mais próxima do normal; e o outro campo, que trabalha na direção contrária, com a máxima interferência e sem respeito às escolhas das pessoas.

AIDS is the first pandemic of the globalised world. The world tries to give it a response conditioned by structural factors that depict this global form of operating: the weakening of the national States, a strong emphasis on technocratic efficiency, the increasing the poverty, in addition, international organizations replace the role of experts, indicating the best model of health to be followed. This study is a documentary research based on the documents published in OECDs website that intends to map the guidelines of the Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) in relation to sexuality issues and the fight against HIV/AIDS epidemic. The OECD is a forum of development countries setup to contribute to the development of world economy based on cooperation between its members. It gathers participants in communities of influence by sharing perspectives to actions on issues whose expertise sculpts the national agendas and other international organizations. Among the results, it highlights the idea of the primacy of economic to the detriment of other dimensions (social, political and cultural), mainly in the debates on globalization. The economic logic is the reference of all kinds of intervention and silences other speeches as the discussion of sexuality and rights. If we have to prevent the transmission of HIV through sexual intercourse, the most important in global terms, it means we must interfere in the sexuality of people. Two fields than emerge: one that relies on the idea that sexuality is a fundamental dimension of human life, it is a part of a policy statement of rights, and it is therefore essential in the discussion of health, seeking to interfere as minimum as possible so that people live as close to normal; and the other field which works in the opposite direction, with maximum interference and without regard to peoples choices.