Sobre sofrimento e terapêuticas em um ambulatório público de saúde mental


Autoria(s): Renata França dos Santos Paiva
Contribuinte(s)

Luiz Fernando Dias Duarte

Julio Sergio Verztman

Benilton Carlos Bezerra Júnior

Jane Araujo Russo

Data(s)

30/03/2009

Resumo

Este trabalho tem por objetivo apresentar concepções de sofrimento e terapêuticas dos usuários de um ambulatório de Saúde Mental de um posto de saúde localizado na zona norte do Rio de Janeiro. Estas concepções, calcadas num universo holista e hierárquico de valor, contrastam com as concepções de sofrimento, pessoa e terapêuticas próprias das práticas psi, indissociáveis da perspectiva individualista que lhe deu origem, cuja concepção de pessoa é calcada na experiência de uma interioridade psicológica, dotada de liberdade de escolha, autonomia, apontando, consequentemente, para concepções acerca do adoecimento e da terapêutica bastante diferentes daquelas próprias a uma configuração hierárquica de valores. Nesse sentido, discutem-se as repercussões que essas diferenças trazem para o estabelecimento de uma relação terapêutica. Observou-se que as concepções de sofrimento e a terapêutica dos entrevistados situam-se na configuração do nervoso, na qual aspectos físicos e morais da perturbação estão imbricados de forma indissociável. Na medida em que eles se auto-representam a partir de suas relações familiares e laborativas, a construção do que seja perturbação está referida a essa relacionalidade, que lhes confere uma identidade numa organização hierárquica. A psicoterapia é também englobada por essa mesma lógica, sendo deslocada do seu sentido individualista original, para ser ressignificada à luz do modelo físico-moral da perturbação e da relacionalidade própria à configuração do nervoso. Dessa forma, entende-se a psicoterapia como conversa que visa o desabafo, botar para fora os problemas, assim como forma de pensar em outras coisas que não o problema, duas estratégias consideradas terapêuticas na configuração do nervoso.

This work aims to introduce the conceptions of suffering and therapeutics in patients of a public Mental Health clinic. These, inserted in a holistic and hierarchic universe of value, contrast to the conceptions of suffering, person and therapeutics of psychological practices, which are based on individualistic values, on the experiences of a psychological inner self, freedom of choice and self-government. Thus, the consequences of this difference to the therapeutic relation are discussed. The study perceives that the interviewees` conceptions fits in the nervous configuration, in which physical and moral aspects of perturbation are imbricate. The sense of perturbation involves a process of self-representation emerged from interviewees familial and laborious relationships, that confer an identity in a hierarchical organization on them. The psychotherapy is also encompassed by the nervous configuration, differing from its original individualistic signification. In this sense, psychotherapy is treated as a conversation that has in view to spit it out as well as a way of thinking about other things two strategies considered therapeutical in the nervous configuration.

Formato

PDF

Identificador

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5382

Idioma(s)

pt

Publicador

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ

Direitos

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Palavras-Chave #Classes populares #Psicologia #Saúde mental #SAUDE COLETIVA #Mental health #Psychology #Working classes
Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica