Relações de poder, currículo e cultura escolar


Autoria(s): Glicia Mendes Pereira
Contribuinte(s)

Rita de Cassia Prazeres Frangella

Adonia Antunes Prado

Maria de Lourdes Rangel Tura

Data(s)

30/08/2010

Resumo

Esta dissertação, a partir das lentes teórico-metodológicas de Michel Foucault, lança um olhar sobre aspectos da cultura escolar, suas regras, modos de organização, currículo, avaliações que movimentam o processo de escolarização, problematizando as relações de poder envolvidas na produção de subjetividades dos diferentes sujeitos e permeadas por diferentes verdades sobre esses sujeitos. Nessa perspectiva relacional, o poder é entendido como dinâmico, flexível, estratégico, difícil de ser capturado: o sujeito e suas ações são seus efeitos e agentes. Pretendo entender como algumas forças provenientes de diferentes direções vão construindo os cenários nos quais os sujeitos do cotidiano escolar atuam, produzindo relações de poder muito complexas. Nesse exercício, não cabe descrever os efeitos do poder em termos negativos. O poder produz realidades e rituais de verdade. Assim, busco, neste estudo, olhar para essa articulação de forças, de estratégias, de movimentos que, atravessando as relações de poder, produzem o currículo e as subjetividades num determinado espaço educativo. Esses saberes/verdades, extraídos das práticas de objetivação, possibilitam o investimento em ações e intervenções. É nesse sentido que busco olhar as práticas escolares como espaços de objetivação/subjetivação. Ao analisar essas práticas, destaco que os efeitos, no que diz respeito à produção de subjetividades, não se encontram em uma ou outra forma de agir. Percebi que as práticas escolares articulam-se numa rede disciplinar formada por diferentes dispositivos que se relacionam na produção de sujeitos, agindo sobre seus corpos. Relatórios, registros, observações, classificações, controle das atividades, organização do tempo e do espaço formam uma rede de significações e de normalização dos sujeitos no espaço escolar. E aqueles/as que não se enquadram, que se desviam do caminho, são apanhados mais facilmente pelas redes do poder e objetivados são produzidos em sua subjetividade que tenta fazer com que ele/a se perceba e se compreenda de certo jeito para se autogovernar, para melhor aprender e normalizar-se. Nesse processo de normalização dos sujeitos, não descarto a necessidade de se ter determinadas regras de convivência, de se ter a preocupação com que as crianças aprendam os conhecimentos escolares. O que ressalto é que se reflita sobre que tipo de normas estabelece o que é normal e anormal, que tipo de saberes é valorizado, com que propósito se investe sobre os corpos das crianças, que subjetividades estão sendo produzidas no espaço da escola.

This dissertation, seen through the theoretical-methodological eyes of Michel Foucault, looks at aspects of school culture, its rules, methods of organization, curriculum, evaluations that impel the process of schooling, problematizing the power relations involved in the production of subjectivities of the different subjects and permeated by different knowledges seeking to pronounce truths about those subjects. In that relational perspective, power is considered dynamic, flexible, strategic and hard to be captured: the subject and his actions are its effects and agents. I want to understand how some forces coming from different directions build scenarios in which the subjects of everyday school life act, producing very complex power relations. In that exercise, we should not describe the effects of power in negative terms, Power produces realities and rituals of truth. Therefore, I am seeking in this study to look for that articulation of forces, of strategies and of movements which, passing through the power relationships, produce the curriculum and the subjectivities in a certain educative space. These knowledges/truths extracted from objectivation practices, make it possible to invest in actions and interventions. It is in that sense that I am looking at school practices as objectivation/subjectivation spaces. When analyzing these practices I note that the effects, with regard to the production of subjectivities, are not found in one or another way of acting. I noticed that the school practices are articulated in a disciplinary network formed by different dispositions that are in the production of subjects, acting on their bodies. Reports, records, observations, classifications, control of activities, organization of time and of space form a network of significations and of normalization of the subjects in the school space. And those that do not fit in, who stray from the path, are caught more easily by the networks of power and objectivated persons are produced in their subjectivity which tries to make him or her perceive himself/herself and understand in a certain way to self-govern, to better learn and become normal. In that process of normalization of subjects, I do not rule out the need to have certain rules of cohabitation, to be preoccupied with children learning school knowledges. What I emphasize is that we should reflect on which type of rules establishes what is normal and abnormal, which type of knowledges is valorized, with which purpose the bodies of the children are invested in, and which subjectivities are being produced in the school space.

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PDF

Identificador

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5378

Idioma(s)

pt

Publicador

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ

Direitos

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Palavras-Chave #Relações de poder #Disciplinarização #Power relations #School culture #Disciplinarization and School #CURRICULO #Disciplina escolar #Cultura escolar #Escolas #Subjetividade
Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica