No coração da tempestade: uma reflexão sobre o insólito em Vinte e zinco, de Mia Couto


Autoria(s): João Olinto Trindade Junior
Contribuinte(s)

Claudia Maria de Souza Amorim

Marisa Martins Gama-Khalil

Flavio Garcia de Almeida

Data(s)

27/03/2013

Resumo

Em Vinte e zinco, o escritor moçambicano Mia Couto, recorrendo ao universo telúrico de seu país, tenta recuperar, ficcionalmente, um período cronológico que perpassa dias imediatamente anteriores e posteriores à Revolução dos Cravos em Portugal, quando se deu a queda do regime salazarista, no 25 de Abril de 1974, iniciando a narrativa em 19 de Abril e concluindo-a no dia 30. O escritor vale-se de recursos lúdicos inerentes à produção ficcional, somados às possibilidades estéticas oferecidas ao longo do processo de resgate sociocultural dos valores da terra. Assim, conta uma história em que elementos do maravilhoso são legíveis como comuns à realidade quotidiana. A narrativa apresenta a função da Casa dos Castro os integrantes da família e suas relações com África e das demais personagens que transitam ao seu redor seja na figura de negros, seja na de alguns brancos, estes, assimilados ao avesso ou não. Essas personagens juntas mesmo que estejam, em determinados momentos, em lados opostos caminham, como representação da dualidade colonial, em direção à apoteótica cena insólita em que se dão a ascensão do Napolo e a tempestade que cai ao final, manchando a terra às vésperas do 25 de Abril. Mia Couto, em um universo cercado de mitos, crenças e tradições, torna visível o invisível, espelhando, no plano da diegese, a realidade desse cenário, e recupera, pela via das trocas culturais ao longo dos séculos, estratégias de construção narrativa ficcional desenvolvidas nas literaturas latino-americanas a fim de representar Moçambique em sua obra. Assim, apropria-se dos preceitos do Real Maravilhoso, em sua vertente africana aqui chamada de Real Animismo miacoutiano para apresentar essa mestiçagem cultural com imagens plurivalentes do real

In Vinte e Zinco, the Mozambican writer Mia Couto, appealing to the telluric universe of his country, tries to reclaim, in fiction, a chronological period which spans the days right away before and after the Revolução dos Cravos in Portugal, when the salazar regime had fallen, on April 25th, 1974, beginning the narrative on April 19th and finishing on 30th. The writer makes use of ludic resources, peculiar to the fictional production, added to the esthetics possibilities offered along the sociocultural process rescue of land values. So, he tells a story in which the elements of Maravilhoso are as legible as usual to the everyday reality. The narrative presents the function of House of Castro- the members of the family and their relation to Africa and of the other characters who transit around them in the figure of black and of some white people; these last ones, reversely assimilated or not. These characters together even if they were, in some moment, on opposite sides they walk, like a colonial duality representation, going ahead to the apotheotic unusual scene in which happens Napolos rise and the storm falling at the end, defiling the land on the eve of April 25th. Mia Couto, in a universe surrounded by myths, beliefs and traditions, makes the invisible become visible, reflecting, on the diegesis plan, the reality of this scenery, and he reclaims, through the cultural exchanges along the centuries, fictional narrative strategies creation developed in the Latin American literatures, aiming to represent Mozambique in his work. So, he appropriates of the Real Maravilhoso precepts, on its African influences here called Real Animismo Miacoutiano to present this cultural miscegenation with multivalent images of the real

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Identificador

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Idioma(s)

pt

Publicador

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Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica