Desenvolvimento e validação de modelo preditivo e avaliação de testes de diagnóstico por classe latente para o parasitismo por L. chagasi em cães atendidos no Hospital Veterinário Universitário da UFPI, Teresina


Autoria(s): Marcus Vinicius Gouvêa
Contribuinte(s)

Antonio José Leal Costa

Fabiano Borges Figueiredo

Jose Ueleres Braga

Reinaldo Souza dos Santos

Guilherme Loureiro Werneck

Data(s)

30/04/2011

Resumo

A leishmaniose visceral americana (LVA) é uma doença em expansão no Brasil, para a qual se dispõem de poucas, e aparentemente ineficientes, estratégias de controle. Um dos grandes problemas para a contenção da leishmaniose visceral americana é a falta de um método acurado de identificação dos cães infectados, considerados os principais reservatórios da doença no meio urbano. Neste sentido, a caracterização de marcadores clínico-laboratoriais da infecção neste reservatório e a avaliação mais adequada do desempenho de testes para diagnóstico da infecção podem contribuir para aumentar a efetividade das estratégias de controle da LVA. Com isso, o presente estudo tem dois objetivos principais: (1) desenvolver e validar um modelo de predição para o parasitismo por Leishmania chagasi em cães, baseado em resultados de testes sorológicos e sinais clínicos e (2) avaliar a sensibilidade e especificidade de critérios clínicos, sorológicos e parasitológicos para detecção de infecção canina por L. chagasi mediante análise de classe latente. O primeiro objetivo foi desenvolvido a partir de estudo em que foram obtidos dados de exames clínico, sorológico e parasitológico de todos os cães, suspeitos ou não de LVA, atendidos no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal do Piauí (HVU-UFPI), em Teresina, nos anos de 2003 e 2004, totalizando 1412 animais. Modelos de regressão logística foram construídos com os animais atendidos em 2003 com a finalidade de desenvolver um modelo preditivo para o parasitismo com base nos sinais clínicos e resultados de sorologia por Imunofluorescência Indireta (IFI). Este modelo foi validado nos cães atendidos no hospital em 2004. Para a avaliação da área abaixo da curva ROC (auROC), sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivo (VPP), valores preditivos negativo (VPN) e acurácia global, foram criados três modelos: um somente baseado nas variáveis clínicas, outro considerando somente o resultado sorológico e um último considerando conjuntamente a clínica e a sorologia. Dentre os três, o último modelo apresentou o melhor desempenho (auROC=90,1%, sensibilidade=82,4%, especificidade=81,6%, VPP=73,4%, VPN=88,2% e acurácia global=81,9%). Conclui-se que o uso de modelos preditivos baseados em critérios clínicos e sorológicos para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina pode ser de utilidade no processo de avaliação da infecção canina, promovendo maior agilidade na contenção destes animais com a finalidade de reduzir os níveis de transmissão. O segundo objetivo foi desenvolvido por meio de um estudo transversal com 715 cães de idade entre 1 mês e 13 anos, com raça variada avaliados por clínicos veterinários no HVU-UFPI, no período de janeiro a dezembro de 2003. As sensibilidades e especificidades de critérios clínicos, sorológicos e parasitológicos para detecção de infecção canina por Leishmania chagasi foram estimadas por meio de análise de classe latente, considerando quatro modelos de testes e diferentes pontos de corte. As melhores sensibilidades estimadas para os critérios clínico, sorológico e parasitológico foram de 60%, 95% e 66%, respectivamente. Já as melhores especificidades estimadas para os critérios clínico, sorológico e parasitológico foram de 77%, 90% e 100%, respectivamente. Conclui-se que o uso do exame parasitológico como padrão-ouro para validação de testes diagnósticos não é apropriado e que os indicadores de acurácia dos testes avaliados são insuficientes e não justificam que eles sejam usados isoladamente para diagnóstico da infecção com a finalidade de controle da doença.

American visceral leishmaniasis (AVL) is an expanding disease in Brazil, for which few, and apparently inefficient, control strategies are available. A major problem for the containment of visceral leishmaniasis is the lack of an accurate test for the identification of infected dogs, which are considered the main reservoirs of the disease in urban areas. In this sense, the characterization of clinical and laboratory markers of the infection in this reservoir, as well as, a more appropriate assessment of the performance of tests for the diagnosis of infection, might increase the effectiveness of control strategies for AVL. Thus, this study has two main objectives: (1) to develop and validate a prediction model for parasitism by Leishmania chagasi in dogs, based on the results of serological tests and clinical signs and (2) to evaluate the sensitivity and specificity of a clinical criterion, and of parasitological and serological tests for canine infection by L. chagasi using latent class analysis. The first goal was developed from a study in which clinical, serological and parasitological data were obtained for all dogs, suspicious or not to AVL, admitted at the Veterinary Hospital at the Federal University of Piauí, Teresina, in the years of 2003 and 2004, totaling 1412 animals. Logistic regression models were constructed with the animals admitted in 2003 with the aim of developing a predictive model for parasitism based on clinical signs and results of serology by indirect immunofluorescence (IIF). This model was validated in dogs admitted at the hospital in 2004. To evaluate the area under the ROC curve (AuROC), sensitivity, specificity, positive predictive value (PPV), negative predictive value (NPV) and overall accuracy, three models were developed: one based only on clinical variables, other only with the serological results and a final model based on both the clinical and serological data. Among the three, the last model showed the best performance (AuROC=90.1%, sensitivity 82.4%, specificity=81.6%, PPV=73.4% NPV=88.2% and overall accuracy=81.9%). It is concluded that the use of predictive models based on clinical and serological data for diagnosis of canine visceral leishmaniasis might be useful in the evaluation of canine infection, allowing the anticipation of ontainment of these animals in order to reduce transmission levels. The second goal was developed through a cross-sectional study of 715 dogs aged between 1 month and 13 years, with varied races evaluated by veterinarians at VUH-UFPI in the period January to December 2003. The sensitivities and specificities of clinical, parasitological and serological tests for detection of canine infection by Leishmania chagasi were estimated using latent class analysis, considering four types of models and different cutoffs. The best sensitivity estimates for the clinical, serological and parasitological tests were 60%, 95% and 66% respectively. The best estimates for the specificity of clinical, serological and parasitological tests were 77%, 90% and 100% respectively. It is concluded that the use of parasitological assays as the gold standard for validation of diagnostic tests is not appropriate and that the indicators of accuracy of the tests evaluated are insufficient to justify that they are used alone for diagnosis of infection in order to control the disease.

Formato

PDF

Identificador

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2861

Idioma(s)

pt

Publicador

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ

Direitos

Liberar o conteúdo dos arquivos para acesso público

Palavras-Chave #Latent class analysis #Visceral leishmaniasis #Diagnóstico #Classe latente #Modelo preditivo #Leishmaniose visceral #SAUDE COLETIVA #Predictive model #Diagnostic
Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica