Avaliação do reflexo baroreceptor em doentes com insuficiência cardíaca crónica submetidos a terapêutica de ressincronização cardíaca

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

Cardiac resynchronization therapy (CRT) has shown clinical benefits in the treatment of selected patients with chronic heart failure (HF). The autonomic nervous system seems to play a role on the reverse remodeling phenomena that underlie the response to CRT. However, little is known about the impact of CRT on the arterial baroreflex (a wellestablished independent prognostic marker in HF). Therefore, the aim of this study is to assess arterial baroreflex function in HF patients submitted to CRT. The study population of this prospective study consisted of 25 patients with indication for CRT, aged 65±10 years, NYHA functional class ≥III in 52%, QRS duration of 159±15 ms, LVEF of 29±5%, LVESV 150±48 mL, BNP 357±270 pg/ml, peak VO2 18.4±5.0 ml/kg/min. An orthostatic passive tilt test (70o) was performed to assess baroreflex sensitivity (BRS) and the baroreflex effectiveness index (BEI) through the sequence method. The group of patients was compared with 15 healthy individuals age matched. HF patients showed a significantly depressed BEI during tilt (31±12% vs 49±18%, p=0.001). A lower BEI was associated with a higher BNP (p=0.038), a lower peak VO2 (p=0.048), and a higher LVESV (p=0.031). By applying a cut-off value for BEI, 2 clusters of patients with varying degrees of HF severity were found: Cluster 1 (BEI>25%) QRS 153ms, LVESV 129 mL, BNP 146 pg/mL, peak VO2 19.0 mL/kg/min; Cluster 2 (IEB≤25%) QRS 167 ms, LVESV 189 mL, BNP 590 pg/mL, peak VO2 16.2 mL/kg/min. 15 patients were evaluated 48h after CRT, showing that this induced a further decrease in BEI during tilt (Pre-TRC: 36±11%; Post-TRC 23±17%, p=0.013). HF patients candidates for CRT show depressed arterial baroreflex function. Lower BEI was associated with poorer clinical parameters. Therefore, baroreflex evaluation may contribute to improve risk stratification in HF, which can have an important impact in the clinical management of CRT.

A Terapêutica de Ressincronização cardiaca (TRC) tem demonstrado benefícios clínicos no tratamento de doentes com Insuficiência Cardíaca Crónica (IC) O sistema nervoso autónomo parece desempenhar um papel importante nos fenómenos de remodelagem inversa que caracterizam a resposta à TRC. Contudo, pouco se sabe sobre o impacto da TRC na função do reflexo baroreceptor, um reconhecido marcador independente de prognóstico na IC. Assim, o objectivo deste estudo é avaliar a função baroreflexa em doentes com IC submetidos a TRC. A população deste estudo prospectivo consistiu em 25 doentes com indicação para TRC, com 65±10 anos, classe NYHA ≥III em 52%, QRS 159±15 ms, FEjVE 29±5%, VTSVE 150±48 mL, BNP 357±270 pg/ml, VO2 max 18.4±5.0 ml/kg/min. Foi executado um teste de ortostatismo passivo (70o) para avaliar a sensibilidade do baroreflexo (SBR) e o índice de eficácia do baroreflexo (IEB), através do método sequencial. O grupo controlo foi constituído por 15 indivíduos saudáveis da mesma idade. Os doentes com IC apresentaram um IEB significativamente deprimido durante o tilt (31±12% vs 49±18%, p=0.001). Um IEB diminuído associou-se a um BNP elevado (p=0.038), a um VO2 diminuído (p=0.048) e a um VTSVE aumentado (p=0.031). Aplicando um cut-off para o IEB, 2 clusters de gravidade clínica de IC foram encontrados: Cluster 1 (IEB>25%) QRS 153 ms, VTSVE 129 mL, BNP 146 pg/mL, VO2 max 19.0 mL/kg/min; Cluster 2 (IEB≤25%) QRS 167 ms, VTSVE 189 mL, BNP 590 pg/mL, VO2 max 16.2 mL/kg/min. Foram avaliados 15 doentes 48h após TRC, demonstrando que a ressincronização induziu uma diminuição aguda do IEB (Pré-TRC: 36±11%; Pós- TRC 23±17%, p = 0.013). Os doentes com IC candidatos a TRC apresentam uma função baroreflexa deprimida. Um IEB diminuído associa-se a parâmetros clínicos mais graves. Desta forma, a avaliação do baroreflexo pode contribuir para a estratificação de risco na IC, o que trará um impacto na importante na abordagem clínica da TRC.