Biomarcadores na doença bipolar : um foco em peroxidação lipídica

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

O interesse pela utilização de biomarcadores na Psiquiatria tem vindo a crescer nos últimos anos. A descoberta de um biomarcador facilmente acessível, replicável e económico que permita auxiliar no diagnóstico, no estadiamento da doença, na prevenção de recorrências, em conhecer o prognóstico e prever a resposta à terapêutica é um dos paradigmas da Psiquiatria moderna. Esta pesquisa torna-se ainda mais imperativa numa doença que se pauta por episódios sintomáticos curtos e variáveis e pela elevada frequência de recorrências como é o caso da Doença Bipolar. Vários estudos têm-se debruçado sobre os mecanismos fisiopatológicos e moléculas intervenientes como alvos preferenciais nesta procura pelo biomarcador fiável para a Doença Bipolar. O presente trabalho pretende rever e expor os estudos que incidem na procura desses mecanismos fisiopatológicos e potenciais futuros biomarcadores para esta doença com um foco no stress oxidativo, nomeadamente na peroxidação lipídica e na regulação dos ácidos gordos polinsaturados. Na doença bipolar, um dos potenciais mecanismos fisiopatológicos mais estudados é o do stress oxidativo, sobretudo o dano lipídico promovido pelas espécies reactivas de oxigénio (ROS), designado peroxidação lipídica. Vários estudos têm demonstrado níveis aumentados das Thiobarbituric acid reactive substances (TBARS) sobretudo na fase maníaca, assim como os níveis alterados de ácidos gordos n-3 sobretudo a persistente diminuição do ácido docosahexaenóico (DHA). Outras moléculas demonostraram um potencial promissor como biomarcador para a doença bipolar, como o 4-hidroxinonenal (4-HNE) e 8-Isoprostane (8-Isso), os produtos finais da peroxidação lipídica. Finalmente este mecanismo fisiopatológico alterado na doença Bipolar e conhecido como sendo central na doença cardiovascular pode ser uma explicação para a elevada prevalência de eventos cardiovasculares nesta população de doentes, o que reforça o seu potencial papel como mecanismo fisiopatológico viável e potenciais biomarcadores para a doença bipolar.