Sintomas obsessivos e compulsivos em utentes dos cuidados de saúde primários

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

Difficult to diagnose, so frequently underestimated, illusive but so harmful, Obsessive-Compulsive Disease (OCS) is still poorly understood, even if accounts more than 4% of Portuguese citizens. This study was developed through an interview supported by the Y-Bocs and Brief Psychiatric Rating scales to know the prevalence of OCD symptoms and their relation with mental health and demographic aspects of patients who recurred to USF Rodrigues Miguéis (a Portuguese primary care center). Prevalence for moderate and severe disease were found to be three times the ones known for the general population, with one in every three respondents showing signs of mild or even subclinical disease. It was also noted the frequent association between these symptoms and anxiety or depression. The fact that the majority of symptomatic individuals were followed in a psychiatric consult, mostly for other psychiatric diseases, others than OCD, shows how important it is to actively search for these symptoms and the need to think of these as the origin of other psychiatric illnesses, also stressing the heavy social and economic implications of the non-diagnosis of this disease which manifest itself since early adulthood and remains unchanged throughout the working life of the individual.

De difícil diagnóstico, tão frequentemente subestimada, esquiva mas altamente prejudicial, a Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é ainda mal compreendida, não obstante acometer mais de 4% dos portugueses. Neste estudo procurou-se, através de uma entrevista apoiada pelas escalas Y-Bocs e Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS), conhecer a prevalência destes sintomas e a sua relação com a saúde mental e aspetos demográficos dos doentes que recorreram à USF Rodrigues Migueis. Neste encontraram-se prevalências três vezes superiores ao conhecido para a doença moderada a severa na população geral, com 1 em cada 3 dos entrevistados a ter manifestações de doença ligeira ou subclínica. Apurou-se também a frequente associação desta sintomatologia com as perturbações ansiosas ou depressivas. O facto da maioria dos indivíduos sintomáticos ter acompanhamento em consulta de psiquiatria, mas na sua maioria por outras perturbações psiquiátricas, que não POC, é demonstrativo da importância de pesquisar ativamente estas manifestações e da necessidade de pensar nestes sintomas como a origem de outras perturbações psiquiátricas, salientando também as pesadas implicações sociais e económicas do não diagnóstico desta patologia que se manifesta praticamente desde o início da idade adulta e se mantém inalterada ao longo de toda a vida ativa do indivíduo.