Síndrome de bronquiolite obliterante após o transplante pulmonar : factores de risco

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2014

Lung transplantation is a valid therapeutic option in selected patients with end stage lung disease. Long-term survival is limited by the development of chronic rejection manifested as Bronchiolitis Obliterans Syndrome (BOS), which is the main cause of death after the first year post-transplant. An effective treatment for this syndrome has not yet been found. Thus, the mitigation of the impact of BOS on mortality requires, probably, the modification/elimination of the predisposing factors. This paper proposes, precisely, to review and identify the factors that confer increased risk of BOS, based on the highest and most current evidence available. Several factors have been implicated in the development of BOS. This review supports the sight that acute rejection, lymphocytic bronchiolitis, HLA mismatch, primary graft dysfunction, gastroesophageal reflux, pre-transplant soluble CD30 plasma concentration greater than 20 U / mL and TARC serum levels less than 325 pg / mL during the first month post-transplant are significant risk factors for BOS. Inflammatory conditions (such as infection), hypogammaglobulinemia, autoimmunity, genetic susceptibility, unilateral transplantation and certain donor factors also seem to play a role in predisposition to BOS.

A transplantação pulmonar é uma opção terapêutica válida em doentes seleccionados com doença pulmonar terminal. A sobrevida a longo-prazo é limitada pelo desenvolvimento de rejeição crónica, sob a forma de Síndrome de Bronquiolite Obliterante (SBO), que constitui a principal causa de morte após o primeiro ano pós-transplante. Ainda não foi encontrado um tratamento eficaz para este síndrome. Assim, a minoração do impacto do SBO sobre a mortalidade requer, provavelmente, a modificação/eliminação dos factores predisponentes. Este trabalho propõe-se, justamente, a rever e identificar os factores que conferem maior risco de SBO, com base na maior e mais actual evidência disponível. Vários factores têm sido implicados no desenvolvimento de SBO. Esta revisão bibliográfica suporta a visão de que a rejeição aguda, a bronquiolite linfocítica, a incompatibilidade HLA, a disfunção primária do enxerto, o refluxo gastro-esofágico, a concentração plasmática pré-transplante de CD30 solúvel superior a 20 U/mL e os níveis séricos de TARC inferiores a 325 pg/mL durante o primeiro mês pós-transplante constituem factores de risco significativos para SBO. Parece, também, existir um papel das condições inflamatórias (como as infecções), da hipogamaglobulinemia, da autoimunidade, da susceptibilidade genética, do transplante unilateral e de certos factores do dador na predisposição ao SBO.