Epidemiologia da colonização e infecção microbiana em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: abordagem clínica e molecular


Autoria(s): Barbosa, Thaís Alves
Contribuinte(s)

Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Data(s)

22/03/2016

22/03/2016

29/02/2016

Resumo

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Processo FAPESP: 2013/12482-0

Pós-graduação em Doenças Tropicais - FMB

A necessidade de permanência em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) simboliza um dos principais fatores desencadeantes de colonização e infecção. Sabe-se que logo após o nascimento, inicia-se a colonização bacteriana do neonato pelo contato com a microbiota materna, dos profissionais de saúde ou a partir da exposição ambiental. Recém-nascidos (RNs), que permanecem em tratamento intensivo, possuem predisposição aumentada para infecção posteriormente à colonização. A maior sobrevida e o prolongamento do período de internação dos neonatos têm proporcionado uma elevação nas taxas de infecções, principalmente em UTINs. Objetivos: Estudar a epidemiologia da colonização e infecção microbiana em uma coorte de neonatos admitidos em uma UTIN com abordagem clínica e molecular. Metodologia: Foram incluídos no estudo todos os neonatos admitidos na UTIN, nascidos no HC da FMB, por um período de um ano, e assim coletadas amostras de aspirado traqueal, como também por meio de swabs estéreis dos sítios nasal e anal e acompanhamento do recém-nascido até o desfecho final (alta da UTI ou óbito). Micro-organismos isolados foram submetidos à identificação e ao teste de sensibilidade às drogas antimicrobianas para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) pela técnica de E-test. Dentre os Staphylococcus spp. que apresentarem resistência à meticilina foi determinado o tipo de cassete cromossômico estafilocócico mec (SCCmec). Para a pesquisa de clones prevalentes na unidade, foi realizada a caracterização dos clusters pela técnica de eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE). Resultados: Os resultados revelaram maior incidência de infecção (27,8%) e colonização por Staphylococcus epidermidis principalmente na mucosa nasal (56,4%). Na mucosa anal predominou a colonização por Serratia marcescens (26,8%). Os resultados evidenciaram cepas de S. epidermidis resistentes a sulfametoxazol-trimetoprim, e S.epidermidis e Enterococcus faecalis resistentes a quinopristina/dalfopristina. Das 402 amostras de Staphylococcus spp. estudadas, 204 (50,7%) apresentaram o gene mecA, com uma maior frequência de isolados provenientes da mucosa nasal, sendo detectados 47 isolados albergando o SCCmec tipo I, 12 carreando o SCCmec tipo II, 77 carreando o SCCmectipo III e 43 albergando o SCCmec tipo IV. A tipagem molecular para determinação dos clusters pela técnica de PFGE demonstrou a presença de isolados de diferentes RNs, com perfis idênticos ou alta taxa de similaridade, sugestivo de contaminação cruzada. Além disso, isolados obtidos do mesmo RN, porém, de sítios diferentes também se apresentaram como idênticos, comprovando que o micro-organismo que colonizava o RN no momento da coleta também era o agente infeccioso. A análise estatística revelou que o processo de colonização pode ser considerado fator de risco para infecção, com um risco de três vezes mais quando comparado com RNs não colonizados. Dentre os fatores de risco para colonização a utilização de nutrição parenteral e cateter central de inserção periférica (PICC) aumentaram o risco em seis vezes mais e quatro vezes mais, respectivamente. Conclusão: Os achados deste trabalho podem auxiliar na escolha antimicrobiana adequada visto que o processo de colonização ocorre posteriormente ao nascimento e que a terapia empírica muitas vezes é necessária. O conhecimento do perfil microbiológico da unidade possibilita a criação de protocolos antimicrobianos adequados para prevenção e tratamento de IRAS, objetivando melhoria na qualidade da assistência prestada. Para tanto, salienta-se a importância de implementação de culturas de vigilância, que auxiliam a comissão de controle de IRAS, e a equipe assistencial na elaboração de medidas a serem adotadas.

The need to stay in the Neonatal Intensive Care Unit (NICU) represents one of the main factors of colonization and infection. It is known that, soon after birth, bacterial colonization of the newborn starts from contact with maternal microbiota, health professionals, or from environmental exposure. Newborns (NBs) who remain in intensive care have a greater predisposition to infection after the colonization. The longer survival and prolonged hospitalization of NBs have led to an increase in infection rates, especially in NICUs. Objectives: To study the epidemiology of colonization and microbial infection in a cohort of neonates admitted to a NICU with a clinical and molecular approach. Methodology: All neonates born in the University Hospital of Botucatu Medical School admitted to the NICU for one year were included in the study. Tracheal aspirate samples were collected, as well as samples of the nasal and anal sites by using sterile swabs. The NBs were followed up until the final outcome – ICU discharge or death. Isolated mircroorganisms were submitted to identification and were tested for antimicrobial drug susceptibility in order to determine the minimum inhibitory concentration (MIC) by the E-test. The type of staphylococcal cassette chromosome mec (SCCmec) was determined among the methicillin-resistant Staphylococcus spp. For the research on prevalent clones in the unit, the characterization of clusters was performed by pulsed-field gel electrophoresis (PFGE). Results: The results showed higher incidence of infection (27.8%) and colonization by Staphylococcus epidermidis mainly in the nasal mucosa (56.4%). The colonization by Serratia marcescens was predominant in the anal mucosa (26.8%). The results showed S. epidermidis resistant to trimethoprim-sulfamethoxazole, and S. epidermidis and Enterococcus faecalis resistant to quinopristin-dalfopristin. From the 402 samples of Staphylococcus spp. studied, 204 (50.7%) had the mecA gene, more frequently isolated from the nasal mucosa. There were 47 isolates harboring SCCmec type I, 12 carrying SCCmec type II, 77 carrying SCCmec type III, and 43 harboring SCCmec type IV. Molecular typing to determine the clusters by the PFGE technique demonstrated the presence of isolates of different NBs with either identical or high similarity profiles, which suggests cross-contamination. In addition, isolates from the same NB but of different sites also presented as identical, proving that the microorganism that colonized the NB at the time of collection was also the infectious agent. The statistical analysis revealed that the colonization process can be considered a risk factor for infection with a three times greater risk compared to non-colonized NBs. Among the risk factors for colonization, the use of parenteral nutrition and peripherally-inserted central catheter (PICC) increased the risk six times and four times, respectively. Conclusion: The findings of this study can assist in the appropriate antimicrobial choice as the colonization process occurs after the birth and the empirical therapy is often required. Knowing the microbiological profile of the unit allows to create proper antimicrobial protocols for preventing and treating healthcare-associated infections (HCAIs) aiming to improve the quality of the care provided. To this end, the implementation of surveillance cultures which help the HCAI control commission as well as the care team to develop the measures to be adopted is very important.

Identificador

http://hdl.handle.net/11449/136351

33004064065P4

Idioma(s)

por

Publicador

Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Colonização #Infecção #Recém-nascido #Micro-organismos Gram-positivos e Gram-negativos #Unidade de Terapia Intensiva Neonatal #Colonization #Infection #newborn #Gram-positive and Gram-negative microorganisms #Neonatal Intensive Care Unit
Tipo

info:eu-repo/semantics/masterThesis