Doença como experiência: as relações entre vulnerabilidade social e corpo doente enquanto fenômeno biocultural no estado do Pará


Autoria(s): SILVA, Ariana Kelly Leandra Silva da
Contribuinte(s)

SILVA, Hilton Pereira da

Data(s)

28/06/2013

28/06/2013

2012

11/06/2012

Resumo

O estudo ora apresentado analisa a representação biossocial de pessoas com Anemia Falciforme (AF) no Estado do Pará, agravo entendido como um fenômeno biocultural por envolver aspectos evolutivos, genéticos, ambientais, socioeconômicos e culturais da vivência cotidiana dos indivíduos acometidos pela síndrome. A investigação aborda as sociabilidades de quarenta (40) interlocutores com AF, representando cerca de 10% dos pacientes em tratamento na Fundação Hemopa (Belém), centro de referência em doenças hematológicas do Estado, englobando a sua situação de vulnerabilidade social, suas percepções de Saúde e Doença, os tratamentos complementares (folk medicine), diagnóstico, estigmas, preconceitos, tabus e dificuldades de acesso e acessibilidade aos serviços do SUS com os quais eles convivem rotineiramente. A metodologia compreensiva e a análise de conteúdo revelam as experiências próximas dos sujeitos que diariamente convivem com as instabilidades da enfermidade. A vivência da doença, elaborada através das relações sociais, conversas, percepções e enredamentos familiares e extrafamiliares do grupo em questão, que em seu conjunto organiza sua vida social de modo sui gêneris, foram os principais dados revelados, considerando a dor física e psicológica representada pelo corpo adoecido. O habitus em relação ao estilo de vida dos sujeitos é um recorte que engloba a natureza étnico-racial da AF, ainda entendida como “doença que vem do negro” e que necessita ser desmistificada pelos profissionais de saúde que os assistem no dia-a-dia em ambulatórios de todo o Estado. Concluo sugerindo que a AF é uma doença que está atrelada aos Determinantes Sociais em Saúde, incorporando as diversas suscetibilidades dos interlocutores, que necessitam de maior sensibilidade política e dos setores de atenção básica à saúde para que as pessoas que compartilham as vicissitudes da AF possam ser incluídas socialmente.

ABSTRACT: This study examines the biosocial representation of individuals with Sickle Cell Anemia (SCA) in Pará State, Brazil, considering that this as a biocultural phenomenon, involving evolutionary, genetic, environmental, socioeconomic and cultural aspects of their daily life. The research deals with the sociability and the health issues of forty people with SCA, representing 10% of the States' cases, contacted in the Fundação Hemopa, Belém, the reference center for blood disorders in the State. The research encompasses their routine situation of social vulnerability, their perceptions of Health and Disease, treatments (Western and Folk Medicine), diagnostic, stigmas, prejudices, taboos and difficulties of access and accessibility to the services of SUS (the Brazilian National Health System). A comprehensive qualitative methodology and content analysis were used to understand the experience of persons who live daily with the instability and complexity of the disease. The personal experience of disease was uncovered though the formal conversations/interviews about the origins of the biological heritage, social relations, family entanglements and extra-familial dimensions of the individuals' in question, focusing on the evolution of SCA, especially considering the physical and psychological pain and other health complications experienced by the study's participants. The habitus in relation to their life ways is a category which includes the perception of the ethnic/racial nature of SCA, still perceived as "a disease that comes from the black people" with all its associated taboos. I conclude suggesting that many impacts of SCA are linked to the Social Determinants of Health and that there are important differences in relation to the susceptibilities of the persons, with many biosocial layers that require greater awareness by the political, clinical and primary care institutions responsible for the care of the affected citizens.

Identificador

SILVA, Ariana Kelly Leandra Silva da. Doença como experiência: as relações entre vulnerabilidade social e corpo doente enquanto fenômeno biocultural no estado do Pará. 2012. 120 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2012. Programa de Pós-Graduação em Antropologia.

http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/4037

Idioma(s)

por

Direitos

Open Access

Palavras-Chave #Antropologia médica #Anemia falciforme #Saúde pública #Pará - Estado #Amazônia Brasileira
Tipo

masterThesis