Comportamentos das famílias portuguesas em épocas de calor e durante a onda de calor de Agosto de 2003


Autoria(s): Nogueira, Paulo Jorge; Paixão, Eleonora de Jesus; Falcão, José Marinho
Data(s)

12/04/2016

12/04/2016

01/12/2005

Resumo

RESUMO - Este estudo teve como principal objectivo a caracterização das atitudes e da adopção de medidas de protecção em períodos de calor e em particular conhecer aquelas que efectivamente foram adoptadas durante a onda de calor de Agosto de 2003 (29 de Julho a 15 de Agosto). Foi realizado um inquérito por via postal, aplicando um questionário aos indivíduos de 18 e mais anos das unidades de alojamento (UA), que constituem a amostra ECOS (Em Casa Observamos Saúde) do Observatório Nacional de Saúde. Estudaram-se 769 indivíduos, o que correspondeu a 25,6% da totalidade dos indivíduos elegíveis nas UA. Uma vez que a amostra ECOS não é autoponderada, foram ponderados os resultados das unidades de alojamento pela variável do Instituto Nacional de Estatística (INE) «número de famílias clássicas» por região e pela «população residente segundo o nível de instrução» obtidas pelos censos de 2001. Os comportamentos referidos como adoptados em épocas de calor que apresentaram maiores percentagens foram «tomar duches ou banhos» (84,6%), «ingestão de líquidos» (79,6%), «uso de roupa leve, larga e clara» (73,2%) e «tomar refeições leves» (53,7%). Durante a onda de calor de 2003, a maior parte da população (92,5%) leu, ouviu ou viu informação sobre os cuidados a ter durante a onda de calor, tendo sido a televisão (95,2%), a rádio (56,3%) e os jornais (49,3%) os meios de comunicação social mais referidos. Cerca de metade da população (51,4%) informou alguém, fundamentalmente a família, sobre os cuidados a ter. Com efeito, durante esta onda de calor verificou-se um maior cuidado em relação a comportamentos mais prejudiciais em épocas de maior calor. Por um lado, a população portuguesa andou menos ao sol (49,4%), fez menos viagens de carro/transportes à hora do calor (39,8%), realizou menos actividades que exigiriam esforço físico (32,5%) e também houve alguma preocupação em beber menos bebidas alcoólicas (26,5%). Por outro lado, aumentaram os comportamentos que já são mais habituais durante o período de Verão, tais como abrir as janelas durante a noite (40,8%), tomar refeições leves (46,7%), tomar mais duches ou banhos (58,5%), o uso de roupas leves largas e claras (42,5%) e o uso de ventoinhas (37,8%). A alteração do comportamento andar ou estar ao sol sem restrições aumenta com o número de meios de comunicação onde se obteve informação. Abrir as janelas de casa durante a noite e tomar duches ou banhos apresentou uma associação com o número de meios de comunicação onde se obteve informação e com o número de pessoas que prestaram informação. Ingerir líquidos e usar roupa leve, larga e clara mostrou também uma dependência do número de meios de comunicação onde se obteve informação.

ABSTRACT - This study was meant as a complement for the research on the heat wave of the summer of 2003. The main objective was to evaluate the population’s level of acknowledgement on the heat wave of August 2003 and the overall preventive measures issued through some media. Another objective was the characterization of the measures that families and individuals take to face excessive heat conditions during summer periods and in particular in the heat wave of August 2003. The National Health Observatory made a postal survey in its health family panel ECOS (Em Casa Observamos Saúde). The questionnaire was sent to the 1217 households that form the ECOS panel, with a questionnaire copy for each member of the family (3006 individuals). Overall response rate was 28.9% (352 households) which corresponded to 25.6% of individuals (769 individual’s responses). Weighted data analysis was performed using national official data on classical family households and by school level. During summer periods the behaviour adopted more often were liquids ingestion and baths taking (79.6% and 84.6%), light, large and bright coloured clothing (73.2%) and light meals (53.7%). The population’s majority (92.5%) read, heard or saw information of the precaution measures that should be taken during a heat wave. The main means of dissemination of information were TV (95.2%), radio (56.3%) and newspapers (49.3%). 51.4% of the individuals informed someone else about precaution measures, mainly family members. During the 2003’s heat wave, population was less exposed to the heat (49.4%), made less travels by car at the hours of highest heat (39.8%), individuals made less physical demanding activities (32.5%) and alcohol drinks were taken less often (26.5%). However, the usual behaviour during summers increased: the windows during the night were opened more often (40.8%), liquids and baths were taken more often (69% and 58.5%), light meals were taken more often (46.7%), light, large and bright coloured clothes were used more often (42.5%) and fans were often used also more (37.8%) than in other summers. The alteration of the behaviour of liquids ingestion, use of light, large and bright coloured clothing and exposition to heat increased with the number of media means from which individual’s received information. Opening the windows during the night and taking more baths also presented an association with the number of media means from which information was received and with the numbers of individuals that informed someone else about precautionary measures.

Identificador

0870-9025

http://hdl.handle.net/10362/17010

Idioma(s)

por

Publicador

Escola Nacional de Saúde Pública. Universidade NOVA de Lisboa

Relação

http://www.sciencedirect.com/science/journal/08709025

Direitos

openAccess

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/

Palavras-Chave #Calor #Clima #Meteorologia #Mortalidade #Vigilância epidemiológica #Comportamentos de risco #Heat #Meteorology #Mortality #Epidemiological surveillance #Risk behaviour
Tipo

article