Impacto da crise no volume e perfil de internamento de doentes com VIH-SIDA em Portugal Continental : análise temporal 2001-2012


Autoria(s): Innis, Ana Luísa van
Contribuinte(s)

Perelman, Julian

Data(s)

21/03/2016

21/03/2016

2015

Resumo

RESUMO - Contexto: O início da crise económica em Portugal no ano de 2009 colocou o país numa grave recessão económica aliada a diversas medidas de austeridade. Como consequência assistiu-se, ao nível nacional, uma diminuição do PIB, aumento do desemprego e assim como uma série de restrições orçamentais em várias áreas, nomeadamente a da saúde. Apesar de existir inúmeros estudos que avaliaram o impacto das recessões económicas na saúde os resultados são controversos e não existe um consenso quanto a esta associação. No que se refere às doenças infeciosas o número de estudos é bastante mais reduzido. O objetivo deste estudo foi o de analisar o impacto da crise atual no volume e perfil de internamento de doentes com VIH/SIDA, de forma a complementar a escassa evidência existente neste domínio. Metodologia: Foram analisados 53,296 episódios de internamento nos hospitais do SNS entre o ano de 2001 e 2012, cujo diagnóstico principal é a infeção pelo VIH/SIDA. Considerou-se o ano de 2009 como o ano inicial da crise. Através de regressões multivariadas avaliou-se o impacto da crise no volume de doentes internados, duração de internamento, número de co-morbilidades, risco de ser admitido via urgência e risco de mortalidade no internamento. Adicionalmente repetiu-se a análise por região NUTS II de Portugal Continental (Norte, Alentejo, LVT, Centro e Algarve). Resultados: A crise não teve impacto no volume de doentes internados. No entanto, após o ano de 2009, registou-se uma diminuição de 5.6% na duração de internamento; um aumento de 1.6% no número de co-morbilidades; um aumento de 11.1% no risco de ser admitido via urgência e um aumento de 8.6% do risco de mortalidade no internamento. As análises por região permitiram verificar que as regiões mais afetadas pela crise foram a região LVT e a região Norte. Conclusão: A crise em Portugal não teve impacto na incidência de internamentos por VIH/SIDA. Porém o aumento do número de co-morbilidades, do risco de ser admitido via urgência e do risco de mortalidade no internamento parece refletir um agravamento da severidade dos casos após o ano de 2009. Adicionalmente a diminuição da duração de internamento com o efeito da crise poderá refletir tanto aumento da eficiência dos cuidados prestados ou ao contrário, uma diminuição da sua qualidade.

ABSTRACT - Context: The global economic crisis started in Portugal in 2009 and placed the country on a recession context, coupled with a set of austerity measures. As a consequence the national GDP dropped, the unemployment rate increased dramatically and the government reduced the public spending in a large number of areas, including the health sector. Many studies address the effects of economic cycles on health. However the results are not consistent across studies and the crisis impact on health is still highly controversial. In contrast studies assessing this association with infectious diseases are very scarce. The aim of this study was to analyze the impact of the economic crisis on the discharge rate and profile of HIV/AIDS patients in order to complement existing information. Methodology: This study analyzed 53,296 inpatient stays at Portuguese NHS hospitals with a primary diagnosis of HIV/AIDS infection, over the 2001-2012 period. The year of 2009 was considered the starting year of the crisis. The crisis effect on the discharge rate, inpatient length of stay, number of co-morbidities, urgent admission and inpatient mortality were accessed by multivariate regression models. As an additional analysis the regression models were repeated at the NUTS II regional level (Norte, Alentejo, LVT, Centro and Alentejo). Results: There was no association between the rate of discharges and the onset of the crisis. Instead, after 2009 the length of stay decreased by 5.6%; the number of co-morbidities increased by 1.6%; the risk of urgent admissions increased by 11.1% and the risk of inpatient mortality increased by 8.6%. Moreover the LVT and Norte region seemed to be more affected by the crisis. Conclusions: The current economic crisis may had no influence in the incidence of HIV/AIDS discharge rate. However the increase in the number of co-morbidities, inpatient mortality and urgent admissions may reflect a health deterioration on these population. Additionally the shorter stays may indicate either enhancing efficiency or reduced quality of the health care.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/16847

201105624

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Palavras-Chave #VIH/SIDA #Crise económica #Internamento #Volume #Qualidade #Severidade #Serviços de saúde #HIV/AIDS #Economic crisis #Inpatient #Discharge #Quality #Severity #Health Services #Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Outras Ciências Sociais
Tipo

masterThesis