Individuação e Reconhecimento: Processos de Socialização Política na Incerteza dos Itinerários Escolares


Autoria(s): Caetano, Pedro Jorge da Costa
Data(s)

25/03/2014

25/03/2014

01/03/2014

Resumo

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Sociologia

A nossa proposta visa dar conta dos processos de generalização da experiência dos estudantes de três escolas, de morfologia social contrastante, do ensino secundário público português da Grande Lisboa, de acordo com a natureza das situações vivenciadas. A perspetiva clássica durkheimiana, centrada na transmissão de valores morais e na inculcação de deveres e obrigações, próprias de uma socialização política, e a ser efetuada pelas gerações mais velhas sobre as gerações mais novas, é aqui relativizada em favor do recenseamento e da descrição de outros modos de explorar o significado normativo da conduta nos diversos contextos. A inovação concetual da abordagem pressupõe não apenas o reconhecimento da multidimensionalidade do político, mas também o seu entendimento enquanto arquitetura experiencial compósita, mobilizável, conforme os quadros de reconhecimento que regem as situações, e mobilizada, segundo as trajetórias de envolvimento dos atores. Os arranjos nas situações e as trajetórias agenciadas pelos atores, possibilitam-nos à uma dar conta dos processos de qualificação mobilizados pelos atores, compreendendo as suas ações habituais (atitudes), e das tonalidades normativas das situações. Deste modo, os envolvimentos, para além de requerem uma generalização das ações e dos julgamentos, solicitam igualmente um trabalho de especificação de métodos de conduta na objetividade das situações, bem como o desenvolvimento de subjetividades na sua apropriação. Capturar o normativo na experiência dos estudantes requer não somente inquirir sobre os laços que unem os atores, mas também e, sobretudo, os laços que os unem às situações, por meio das suas expectativas de conduta, traduzidas em ações e julgamentos, ou seja, em modos de qualificação do real. No caso concreto dos jovens estudantes, verificamos que o privilégio do envolvimento centrado numa socialização para o bem comum e no desenvolvimento de competências de argumentação e de justificação, tem o inconveniente de empobrecer consideravelmente os matizes da sua experiência, menorizando-os e, como tal, constituindo um verdadeiro obstáculo epistemológico à abordagem dos processos pelos quais eles procuram governar a sua conduta. Com efeito, os estudantes, não formam entre si uma "cidade" orientada para o bem comum, mas dispersam-se numa pluralidade de envolvimentos, dos quais, o mais mobilizado se fixa nas relações de intimidade potenciadoras da individuação e caraterísticas do regime pastoral. As expetativas normativas quanto à função do professor, sem se centrarem nas funções de representação, são a de cativar (envolver) e interagir com eles, ao mesmo tempo que os deve respeitar a todos de um modo singularizante. O professor é um "rebocador"; alguém que, na proximidade, isto é, na confiança, mostra um caminho, exige e fornece conselhos práticos e úteis para a vida.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/11827

101292236

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Estudantes do ensino secundário #Grande Lisboa #Socialização política #Regimes de envolvimento #Individuação
Tipo

doctoralThesis