Património bibliográfico e bibliotecas na construção da identidade colectiva. Entre um conceito e o seu desenvolvimento, 1750-1800


Autoria(s): Cabral, Maria Luísa Rosendo
Data(s)

14/02/2014

14/02/2014

2013

Resumo

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em História Moderna

Os estudos em torno das bibliotecas portuguesas e da sua história não parecem ter dado importância às questões que as envolvem com a responsabilidade patrimonial e com a identidade colectiva. As bibliotecas tiveram um processo de afirmação distinto daquele por que passaram os arquivos; é, pois, importante reunir dados que clarifiquem quando é que as bibliotecas passaram a ser consideradas um instrumento do poder na construção do próprio Estado. A análise das fontes remete essa afirmação das bibliotecas em Portugal para a segunda metade de Setecentos. Assiste-se então à criação de outras instituições na esfera cultural cujo objectivo central é o de sustentar o Estado contribuindo para a sua modernização. A Real Biblioteca Pública é uma destas instituições e a conjugação da sua missão, estrutura e meios visam esse objectivo maior. Mas a criação e sucesso da Real Biblioteca não resulta da aplicação linear de um diploma legal nem se pode atribuir a uma individualidade. A Real Biblioteca reflecte um pensamento e uma vontade que são postos em prática por várias personalidades, de formas distintas de acordo com os seus interesses, formação e preparação intelectual e carácter. Sobressaem três figuras ímpares da cena cultural e política portuguesas as quais projectam para a Real Biblioteca a sua visão para uma instituição desta envergadura. No decorrer da sua intervenção, as fontes testemunham-no, assiste-se a uma mudança de procedimentos e de prioridades, permitindo afirmar que durante o período entre 1796 e 1802, no auge das alterações, a Real Biblioteca atravessou verdadeiramente a fronteira da modernidade e mudou de paradigma. Durante esse período, a Real Biblioteca incorporou vastas colecções bibliográficas de origem diversa, soube organizá-las de acordo com um sistema de classificação e dispôs-se a iniciar o serviço de leitura em função de regulamentos que preparou. Se Frei Manuel do Cenáculo defendeu essa ideia desde o tempo da Real Mesa Censória, se o Doutor António Ribeiro dos Santos logrou organizar o manancial bibliográfico que encontrou e foi adquirindo, se D. Rodrigo de Sousa Coutinho nunca esmoreceu e legislou arduamente em defesa da instituição, podemos dizer que é nesta conjugação de esforços que a Real Biblioteca Pública da Corte se ancora e ganha notoriedade.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/11407

101314752

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Bibliotecas #Século XVIII #Responsabilidade patrimonial #Identidade
Tipo

doctoralThesis