Desenvolvimento vocal na infância: análise acústica de vocalizações de bebés face a estímulos musicais e linguísticos durante o segundo ano de vida


Autoria(s): Reigado, João Pedro Lopes
Data(s)

28/02/2013

01/02/2013

Resumo

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências Musicais, na especialidade de Ensino e Psicologia da Música

A presente investigação acompanhou o desenvolvimento da voz cantada durante o segundo ano de vida e contemplou dois estudos: um estudo comparativo das diferenças entre as vocalizações produzidas pelas crianças em duas condições distintas – Conversa e Canção; e um estudo de análise longitudinal das características acústicas das vocalizações das crianças produzidas na condição Canção. Doze crianças foram observadas através de contextos de interacção com um adulto, em sessões realizadas aos 12, 15, 18, 21 e 24 meses. Cada sessão considerou dois períodos distintos, nos quais o experimentador ou falava ou cantava incitando as produções vocais da criança. As vocalizações das crianças foram gravadas e analisadas acusticamente. O primeiro estudo revelou que, na condição Conversa face à condição Canção, se registaram valores superiores nas seguintes variáveis: duração total de uma vocalização (durvocal: M = 1,52, SD = 1,46; F(1,660) = 9,77, p = 0,019); duração de uma vocalização dedicada à produção de vogais (durfonal: M = 0,98, SD = 0,77; F(1,660) = 4,23, p = 0,004); número de núcleos por vocalização (nnucleos: M = 5,48, SD = 4,47; F(1,660) = 12,20, p = 0,001); valor máximo da frequência fundamental de uma vocalização (maxF0: M = 563, SD = 152; F(1,516) = 4,36, p = 0,037); valor médio da frequência fundamental de uma vocalização (medF0: M = 406, SD = 115; F(1,516) = 4,80, p = 0,029). Por outro lado, a duração média dos núcleos de uma vocalização na condição Conversa (nnucleos: M = 0,087, SD = 0,036) foi inferior do que na condição Canção (F(1,660) = 8,77, p = 0,003). No segundo estudo constatou-se que a idade da criança influencia a duração das vocalizações, bem como o número e duração dos núcleos das vocalizações ocorrentes na condição Canção. Concretamente, verifica-se que a duração da vogal aumenta ao longo do tempo, implicando um aumento progressivo da duração das vocalizações produzidas na condição Canção. Os dois estudos demonstram que a duração da vogal desempenha um papel fundamental na distinção entre voz falada e voz cantada, à semelhança do que se verifica no comportamento vocal do adulto. Estes resultados sugerem que o estímulo cantado determina um comportamento vocal específico nas crianças antes dos 2 anos de idade, demonstrando uma capacidade que surge precocemente no desenvolvimento humano. Com base nestes resultados, são feitas algumas reflexões relativas ao papel da aculturação e educação musicais precoces, sugerindo pistas para futuras investigações nesta área.

Identificador

http://hdl.handle.net/10362/9065

101291515

Idioma(s)

por

Publicador

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa

Direitos

restrictedAccess

Palavras-Chave #Desenvolvimento Vocal #Aquisição da Voz Cantada. #Análise Acústica #Primeira Infância
Tipo

doctoralThesis