Eletroestimulação transvaginal do assoalho pélvico no tratamento da incontinência urinária de esforço


Autoria(s): Benhur Antonio Potrick
Contribuinte(s)

Universidade Estadual de Campinas

Data(s)

2002

11/12/2002

11/11/2015

11/11/2015

Resumo

Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciencias Medicas

Programa de Pós-Graduação em Cirurgia

Resumo: Nos últimos anos, o tratamento clínico da incontinência urinária vem ganhando maior projeção em função de seus resultados, dos poucos efeitos colaterais e de seu baixo custo. A eletroestimulação tem sido utilizada no tratamento da incontinência urinária e pode apresentar resultados variados, de acordo com o grupo de pacientes analisado e o esquema terapêutico empregado. O presente estudo clínico foi desenvolvido a fim de comparar os achados clínicos, urodinâmicos e ultra-sonográficos, antes e após a eletroestimulação transvaginal, em um grupo de pacientes com incontinência urinária de esforço. Foram selecionadas 22 mulheres com queixa clínica de incontinência urinária de esforço e com pressão de perda sob esforço acima de 60 centímetros de água, atendidas no Ambulatório de Uroginecologia do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), no período de janeiro de 1999 a janeiro de 2001. Todas as pacientes eram da raça branca, com idade média de 49,0 anos, sendo que oito (36,3%) encontravam-se na pós-menopausa. A avaliação do índice de massa corpórea evidenciou peso normal em 81,9%, sobrepeso em 13,6% e obesidade em 4,5% dos casos. A paridade mediana foi de 2,2 partos, e o tempo mediano de perda urinária foi de 101,7 meses. Em 81,8% das pacientes observou-se cistocele grau I, em 72,7% retocele grau I, e todas apresentaram exame neurológico normal. Nenhuma paciente referiu cirurgia prévia para correção de incontinência urinária de esforço. No início das sessões de eletroestimulação e uma semana após seu término, as pacientes foram avaliadas através de anamnese, freqüência miccional, teste de esforço, avaliação urodinâmica e ultra-sonografia transperineal. O protocolo de tratamento consistiu de duas sessões semanais, com duração de 20 minutos cada, durante oito semanas consecutivas. Foi utilizado aparelho da marca QUARK – Dualpex 961, com eletrodo de formato cilíndrico, de dez centímetros de comprimento com dois centímetros e meio de largura, envolvido por quatro anéis metálicos, colocado do intróito vulvar até próximo à espinha ciática. Os parâmetros elétricos utilizados foram: intensidade de corrente variando de 12 a 53 miliamperes, de acordo com a tolerância de cada paciente, freqüência fixa em 50 Hertz e duração de pulso de 700 microssegundos. As variáveis analisadas neste estudo apresentaram distribuição assimétrica; portanto, utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney para comparação pré e pós-intervenção. Foram considerados resultados significantes quando se obteve p menor do que 0,05. Na auto-avaliação, 77,3% das pacientes consideraram-se satisfeitas com o tratamento eletroterápico e, de acordo com a freqüência miccional, houve redução do número de perdas urinárias em 81,7% delas (p<0,01). O teste de esforço foi negativo em 77,2% das pacientes após o tratamento. Segundo dados urodinâmicos, não houve alteração significativa da pressão de perda sob esforço antes e após a eletroestimulação (p=0,37). A avaliação ultra-sonográfica não demonstrou significância estatística no deslocamento do colo vesical antes e após o tratamento (p=0,30). Nossos resultados permitem concluir que a eletroestimulação transvaginal do assoalho pélvico promoveu diminuição significativa da freqüência das perdas urinárias na maioria das pacientes, porém, com atuação, sem significância, sobre a PPE e a mobilidade do colo vesical. Inferimos, portanto, que, em casos selecionados, a eletroterapia representa uma alternativa eficaz no tratamento da incontinência urinária de esforço feminina.

Abstract: Over the last few years, conservative management of stress urinary incontinence has drawn a great deal of attention due to its results, few side effects and reduced cost. Electrical stimulation has been used in the treatment of urinary incontinence with varied results, depending on the patient’s selected and the therapeutic scheme. The purpose of this study was to compare clinical, urodynamic and ultrasonographic findings obtained before and after transvaginal electrical stimulation in patients with stress urinary incontinence. Twenty-two women with symptoms of stress urinary incontinence consulting at the Urogynecology unit, Hospital de Clinicas, State University of Campinas, UNICAMP, between January 1999 and January 2001, were selected. All women were white, mean age was 49.0 years old and eight of these women were in menopause. According to the body mass index, 81.9% had normal weight, 13.6% were overweight and 4.5% were obese. Mean parity was 2.2 and the mean duration of urinary loss was 101.7 months. Grade I cystocele and retocele were present in 81.8% and 72.7% of the patients, respectively, and the neurological exam was normal in all the patients. None of the patients reported previous surgery for stress urinary incontinence. Patients were submitted to a clinical history and urinary frequency, Valsalva’s maneuver, urodynamic study as well as transperineal ultrasound one week before and one week after treatment. The treatment protocol consisted of two transvaginal electrostimulation sessions weekly, each 20 minutes long for eight weeks. The authors used a QUARK Dualpex-961, with a cylindrical electrode, 10cm long, 2.5cm wide and covered with four metallic rings, placed into the vagina adjacent to the ischiatic spine. The electrical parameters were: current intensity from 12 to 53mA in accordance to the patient’s tolerance, fixed frequency of 50Hz and pulse duration of 700μs. The variables analyzed in this study were asymmetrically distributed and therefore, the Mann-Whitney non-parametric test was used to compare the pre and post intervention variables. A p<0.05 score was considered statistically significant. Selff-assessment indicated that 77.3% of the patients were satisfied with the treatment. There was a significant reduction of the number of urinary leakage episodes, according to the urinary frequency registration, in 81.7% of the women (p<0.01) and no urinary leakage was detected in 77.2% of the patients at Valsalva’s maneuver after treatment. According to the urodynamic study, VLPP before and after electrical stimulation showed no significant change (p=0.37). Bladder neck mobility, assessed by transperineal ultrasound did not change significantly (p=0.30). Our results suggest that transvaginal electrical stimulation of the pelvic floor reduced the frequency of urinary leakage, with no effect either at bladder neck mobility or Valsalva leakpoint pressure. The authors conclude that in selected cases electrical stimulation represents one alternative method to treat stress urinary incontinence in women.

Dissertação (mestrado)

Cirurgia

Mestre em Cirurgia

Identificador

http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000275732

http://www.repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/48621

http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/131745

Idioma(s)

Português

Publicador

Campinas, SP

Palavras-Chave #Tratamento #Eletroterapia #Ultra-sonografia
Tipo

Tese