Autoridade e autonomia : conjugalidade e vidas femininas em Essaouira, Marrocos


Autoria(s): Carvalheira, Raquel Alves Neves Gil
Contribuinte(s)

Cabral, João de Pina

Silva, Maria Cardeira da

Data(s)

28/05/2015

28/05/2015

2015

2014

Resumo

Tese de doutoramento, Antropologia (Antropologia do Parentesco e do Género), Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, 2015

Em países maioritariamente muçulmanos, o género tem sido um dos principais temas de debate e de pesquisa, em parte graças à atenção que a situação das mulheres tem merecido nestes contextos. Recentemente, muitas abordagens têm focado temas como os direitos das mulheres e as Leis da Família, nem sempre prestando a devida atenção à forma como o género é mutuamente construído por homens e por mulheres. As dinâmicas familiares não têm sido suficientemente estudadas como um local vital para a reprodução e também para a contestação das desigualdades de género. A presente dissertação pretende abordar esta questão através da análise da conjugalidade e das dinâmicas familiares e baseia-se em recolha etnográfica realizada durante um ano na cidade de Essaouira em Marrocos. O contacto com mulheres, famílias e uma associação feminina de ajuda a mulheres evidenciou que, ainda que as mulheres sejam estratégicas em utilizar a parafernália da Lei da Família para os seus próprios fins, nem sempre procuram os mesmos direitos e responsabilidades que os homens em algumas áreas da vida como o matrimónio. Este pode ser considerado um projecto de vida que intrinca relações hierárquicas baseadas no género e na idade. É entre autoridade e autonomia, importantes componentes da sociedade marroquina, que as mulheres procuram fazer sentido dos seus quotidianos, expectativas e decisões. Para compreender estes processos analisa-se como a diferença é religiosamente legitimada e como a autoridade e a obediência são frequentemente naturalizadas. Por fim, esta dissertação tem por objectivo incluir o estudo da construção do género em sociedades maioritariamente muçulmanas dentro de outros debates actuais da Antropologia.

In predominantly Muslim countries, gender has been a major topic of debate and research, in part due to global attention to women’s conditions in these contexts. Recently, some approaches have focused on topics such as women’s rights and Family Law, often failing to analyze how gender is mutually constructed by men and women. Family dynamics has not been sufficiently studied as a vital site of reproducing and contesting gender inequalities. This dissertation examines this question through an analysis of conjugality and family dynamics and is grounded on a year of ethnographic fieldwork in Essaouira, Morocco. Intense contact with women, families, and a feminine association showed that although women are strategic in using the paraphernalia of family law to achieve their ends, they do not always pursue the same/equal rights and responsibilities as men in certain areas of life, such as marriage. This can be considered a project of life that entails hierarchical relations based on gender and age. Women seek to make sense of their everyday decisions and expectations by taking recourse to idioms of authority and autonomy, two important components of Moroccan social experience. We analyze religious legitimacy and naturalized notions of authority and obedience in order to understand the constitution of difference between genders. Finally, this dissertation proposes that the study of gender in predominantly Muslim societies can contribute to other major debates in contemporary Anthropology.

Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), SFRH/BD/60813/2009

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/18204

101325690

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Género #Conjugalidade #Família #Islão #Marrocos #Teses de doutoramento - 2015
Tipo

doctoralThesis