Os romances de Lygia Fagundes Telles : uma tessitura narrativa na senda do humano


Autoria(s): Chora, Dina Teresa Chainho
Contribuinte(s)

Chaves, Vânia Pinheiro, 1947-

Data(s)

27/02/2015

27/02/2015

2015

2014

Resumo

Tese de doutoramento, Estudos de Literatura e de Cultura (Estudos Brasileiros), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2015

Este trabalho analisa a produção romanesca da escritora Lygia Fagundes Telles, um dos nomes proeminentes da literatura brasileira contemporânea e cuja obra é admirada dentro e fora das fronteiras do seu país natal. A leitura dos seus romances evidenciou a complexidade da sua construção, despertando o desejo de investigar o seu fazer literário no qual sobressaiu, desde logo, uma sintaxe intrincada e um interesse constante em explorar vivências que expõem as ambiguidades, os mistérios e a pluralidade, intrínsecas ao ser humano do século XX. A dissertação apresenta um estudo dos seus quatro romances – Ciranda de pedra (1954), Verão no aquário (1963), As meninas (1973) e As horas nuas (1989) – e pretende-se descobrir se a escritora pôs em prática um processo de criação que, afirmado numa das suas entrevistas, serviu de hipótese para este trabalho: construir as narrativas como se fossem uma colcha de retalhos, onde o todo resulta da congregação de fragmentos, por um mistério que a autora diz não saber explicar.1 Após a apresentação da trajetória de vida e do percurso literário de Lygia, estudam-se, no segundo capítulo, os mecanismos recorrentes na construção de narrativas centradas, não em ações concretas e factuais do quotidiano, mas nas efervescências da alma humana, o que origina discursos aparentemente anárquicos e segmentados pelo desrespeito da cronologia, pela interseção de vários planos narrativos e pela pluralidade de vozes. No terceiro capítulo, analisa-se a configuração da personagem para verificar se também ela obedece à mesma metodologia. É evidente o caráter plural, fragmentado, difuso e complexo da estruturação dos seres lygianos, que pouco interagem com o exterior, por estarem mais interessados na exercitação da sua capacidade reflexiva e rememorativa, recolhendo-se essencialmente na sua vida interior. Também se constata que as personagens são porta-vozes da forma de ser, de pensar e de estar da sua criadora, sendo, por isso, considerados peões de um projeto autoral investido de um sentido axiológico.

Ce travail analyse la production romanesque de Lygia Fagundes Telles, l'un des grands noms de la littérature brésilienne contemporaine et dont l’oeuvre est reconnue non seulement dans son pays d'origine mais aussi à l'extérieur de ses frontières. La lecture de ses romans a exposé la complexité de leur construction, ce qui a fo-menté le désir de faire des recherches sur sa production littéraire, dans laquelle se sont distingués, dès lors, une syntaxe embrouillée et un intérêt constant à l'exploitation des expériences de vie qui exposent les ambigüités, les mystères et la pluralité, intrinsèques à l’être humain du vingtième siècle. La dissertation présente une étude de ses quatre romans – Ciranda de pedra (1954), Verão no aquário (1963), As meninas (1973) et As horas nuas (1989) – et prétend vérifier si l'auteur a mis en place un processus de création, qu’elle a avoué dans une de ses interviews, et qui a servi de support à tout ce travail: la construction de ses récits comme s’ils étaient un patchwork, où le tout est le résultat de la congrégation de plusieurs fragments, par un mystère que l’auteur dit ne pas savoir expliquer.1 Après la présentation de la trajectoire de la vie et de la carrière littéraire de Lygia, dans le deuxième chapitre, on étudie les mécanismes récurrents de la construction de ses récits, centralisés, non pas sur des actions concrètes et factuelles du quotidien, mais sur les ébullitions de l'âme humaine, ce qui fait naître des discours apparemment anar-chiques et segmentés, dû au mépris accordé à la chronologie, à l'interception de diffé-rents plans narratifs et à la pluralité des voix. Dans le troisième chapitre, on analyse la configuration du personnage pour con-clure si elle suit également la même méthodologie. Il est patent le caractère pluriel, fragmenté, nébuleux et complexe de la structuration des êtres, qui interagissent peu avec leurs milieux car ils sont plus intéressés à appliquer leur capacité réflexive et remémora-tive, en s’enfouissant surtout dans leur vie intérieure. On constate aussi qu’ils sont porte-paroles de l’être et de la pensée de leur créatrice, c’est pourquoi on les considère des pions d’un projet auctorial investi d’un sens axiologique.

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/16156

101368828

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Teles, Lígia Fagundes, 1923 - Crítica e interpretação #Romance brasileiro - séc.20 - História e crítica #Teses de doutoramento - 2015
Tipo

doctoralThesis