Desenvolvimento de indicadores de comunicação em cuidados farmacêuticos : estudo piloto da sua aplicabilidade em farmácias comunitárias europeias


Autoria(s): Ferreira, Paula Alexandra Gomes Barão de Sousa
Contribuinte(s)

Cavaco, Afonso Miguel Neves

Data(s)

30/07/2014

15/07/2016

2013

Resumo

Tese de mestrado, Cuidados Farmacêuticos, Universidade de Lisboa, Faculdade de Farmácia, 2013

Introdução: A comunicação tem sido entendida como veículo para a criação de uma relação de confiança com o profissional de saúde, estando assim associada de forma estreita com a quali-dade dos cuidados em saúde. Uma melhoria das competências de comunicação concorre para um aumento da satisfação do doente e outcomes clínicos positivos. O desenvolvimento de in-dicadores de qualidade em cuidados farmacêuticos (CF), poderá dar um contributo para a promoção da excelência na prática farmacêutica e valorização da profissão, influenciando de-cisores políticos para o reconhecimento do seu importante enquadramento nos cuidados de saúde. Objetivo: Construção de indicadores de processo da qualidade da comunicação em CF, a sua operacionalização através de estudo piloto de aplicabilidade no âmbito das distintas realidades da farmácia comunitária europeia e assim, disponibilizar uma ferramenta acessível para autoa-ferição da qualidade geral desta competência na prática profissional em farmácia. Métodos: Os indicadores focaram os eventos de comunicação ocorridos entre o farmacêutico e o doente, mediante uma 1ª prescrição e face a um pedido de aconselhamento não associado a prescrição médica. Um terceiro indicador avaliou a comunicação interdisciplinar entre o far-macêutico e o clínico. Numa 1ª fase foram desenvolvidos, com base em revisão bibliográfica, 3 indicadores e respetivo manual, que foram submetidos a uma validação de rosto e conteúdo por parte dos 12 países do Conselho da Europa que aceitaram o convite. Posteriormente reali-zou-se um estudo de campo de carácter observacional, descritivo e transversal que visou tes-tar a sua aplicabilidade, conduzindo à afinação dos indicadores e ainda a uma caracterização de natureza simples, da realidade da comunicação, no contexto dos CF. Numa 2ª fase realizou-se um focus group de peritos portugueses em CF, com intuito de recolher opiniões sobre os Indicadores idealizados. Resultados: O desenho dos indicadores sofreu afinações de diferentes tipologias resultantes de ambas as fases do estudo no sentido de melhorar a sua aplicabilidade à realidade da farmá-cia comunitária e aos diferentes cenários europeus. Os indicadores da qualidade da comunica-ção em CF passam a monitorizar os profissionais da farmácia na generalidade e os seus focos de atenção são a comunicação (frequência, tempo, forma, tipo, conteúdo) com o doente ou cuidador nos múltiplos contextos possíveis (1ª prescrição, refill, consulta, dispensa sem pres-crição, pedido de aconselhamento, deteção de problemas relacionados com a medicação-PRMs e monitorização de parâmetros) e durante a interação com outros profissionais median-te PRMs identificados. A implementação dos CF na Europa é ainda limitada e pouco uniformi-zada e a comunicação com o doente insuficiente, pouco aprofundada e centrada no doente. O aconselhamento é mais frequente na forma oral e na 1ª prescrição. A interação com o médico está pouco sistematizada. Conclusões: A débil comunicação nos CF pode constituir um fundamento plausível para a limi-tada implementação destes serviços. Esta competência carece treino e estruturação. Os indi-cadores no seu desenho final poderão ser uma das ferramentas a utilizar para aferir a qualida-de da comunicação em CF e futuramente novos trabalhos se justificam desenvolver para criar maior evidência sobre a comunicação nestes serviços e sobre a utilidade destas ferramentas.

Introduction: The communication has been understood as a trustful relationship creator be-tween patients and healthcare professionals, thus closely associated with healthcare provision quality. The improvement of communication skills contributes to an increased patient satisfac-tion and positive clinical outcomes. Developing quality indicators in pharmaceutical care (PhC) can make a vital contribution to the promotion of pharmacy practice excellence therefore en-hancing the pharmaceutical profession role and influencing policy makers for pharmacists’ framework importance and healthcare recognition. Objective: To construct process indicators for communication quality in PhC, its operationali-zation through an applicability pilot study in the context of the different community pharmacy realities in Europe, and to provide a handy tool for this competence self-assessment. Methods: The indicators focused on communication events that occur between pharmacists and patients, in a 1st prescription or when no prescription advice request scenarios existed. A third indicator evaluated interdisciplinary communication between the pharmacist and clini-cian. In Phase 1, 3 indicators and their manual were developed based on literature review, which underwent a face and content validation by the 12 Council of Europe countries that ac-cepted the invitation to participate in the study. Subsequently, it was carried out an observa-tional, descriptive and transversal field study, aimed to test its applicability that leaded to fur-ther indicators refinement and to a brief characterization of the PhC communication reality. In Phase 2, we held a focus group with Portuguese PhC experts, in order to gather opinions on the idealized Indicators. Results: The indicators design underwent different types of adjustments, as a result of both study phases, in order to enhance their applicability to the community pharmacies setting in different European practice scenarios. The communication quality indicators in PhC were able to monitor pharmacy professionals in general, while suggestions were made in relation to the patient/caregiver communication focus (e.g. frequency, time, shape, type, content) as well as the multiple possible contexts (e.g. 1st prescription refill, pharmaceutical appointment, dismis-sal without prescription, order counseling, DRP detection, parameter monitoring) and through interaction with other professionals (e.g. DRPs). The PhC implementation in Europe is still lim-ited and poorly standardized and the patient communication is insufficient, superficial and somewhat not patient-centered. Pharmacy counselling is more frequent in the 1st prescription and in the oral form. The doctors’ interaction is not systematic. Conclusions: The weak communication in PhC may be a plausible rationale for the limited im-plementation of these services. This competency requires more training and structure. Indica-tors in its final design may be one of the tools used to measure the quality of communication in PhC and in the future more studies should be developed to create more evidence on these services communication and on these tools usefulness.

Identificador

http://hdl.handle.net/10451/11547

Idioma(s)

por

Direitos

embargoedAccess

Palavras-Chave #Cuidados farmacêuticos #Comunicação #Farmacêutico #Doente #Médico #Indicadores de qualidade #Teses de mestrado - 2013
Tipo

masterThesis