Adversidade psicossocial, recursos de resiliência e qualidade de vida na adolescência: um estudo comparativo entre adolescentes portugueses e imigrantes


Autoria(s): Martinho, Selma Regina Gonçalves
Contribuinte(s)

Lemos, Ida

Data(s)

05/02/2016

05/02/2016

18/09/2015

2015

Resumo

Tese de doutoramento, Psicologia, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, 2015

O estudo dos processos psicológicos que norteiam a adolescência tem merecido nas últimas décadas particular atenção por parte da comunidade científica. Esse interesse tem-se expandido para além dos determinantes de natureza individual, considerando-se igualmente importantes a estrutura e o funcionamento da família, e as dinâmicas que a ela se associam. Por sua vez, nas últimas duas décadas, dada a relevância dos movimentos migratórios e o seu impacto na economia dos países, a investigação em Psicologia tem mostrado interesse pelos processos de adaptação e de integração psicossocial dos imigrantes. Na presente investigação definimos como objetivo principal o estudo das relações entre fatores psicológicos, psicossociais e socioeconómicos e familiares, enquanto fatores com influência na qualidade de vida e nos resultados desenvolvimentais positivos na adolescência. Pretendemos assim, compreender de que forma acontecimentos de vida considerados stressantes podem influenciar o bem-estar relacionado com a saúde na adolescência em adolescentes imigrantes. Mais especificamente, propusemo-nos analisar se estes adolescentes estão em maior risco para o desenvolvimento de problemas psicopatológicos e psicossociais, por comparação com adolescentes nativos portugueses. Para responder aos objetivos colocados participaram no presente estudo 742 adolescentes de ambos os sexos, residentes no Algarve: 390 imigrantes e 352 nativos, com idades compreendidas entre os 11 e 18 anos. Com vista à prossecução destes objetivos procedemos à adaptação de duas escalas psicométricas: a Escala de Estilos Educativos (Delgado, Jiménez, Sánchez-Queija & Gaviño, 2007) (Estudo 1) e a Escala de Avaliação da Coesão e da Adaptabilidade Familiares-III (Olson, Portner & Lavee, 1985) (Estudo 2). Para a avaliação de sintomas psicopatológicos recorremos às escalas Perturbação do Comportamento, Depressão Major, Perturbação de Ansiedade Generalizada, Perturbação Pós-Stresse Traumático, Problemas Académicos e Problemas de Autoconceito da Escala de Psicopatologia do Adolescente de Reynolds (2000), e para a análise dos recursos internos de resiliência utilizámos a Escala Healthy Kids Resilience Assessment Module (Versão 6.0) de Constantine, Bernard e Diaz (1999). Para aferir da perceção de qualidade de vida relacionada com a saúde nos adolescentes recorremos ao Kidscreen-52 (Ravens-Sieberer, 2006) (Estudo 3). Relativamente aos estudos de validação dos instrumentos, os dados obtidos relativos à EEE (Delgado et al., 2007), permitiram concluir que a escala apresenta boas propriedades psicométricas, revelando coeficientes de alfa de Cronbach satisfatórios, quer na escala total, quer nas suas subescalas. Os resultados da análise fatorial exploratória com rotação Varimax foram igualmente satisfatórios, corroborando as dimensões propostas pelos autores da versão original da EEE, confirmando assim a validade da escala enquanto instrumento com viabilidade de utilização em investigação com amostras de adolescentes portugueses. Igualmente a análise da consistência interna da escala FACES-III revelou coeficientes de alfa de Cronbach satisfatórios e a análise fatorial exploratória com rotação Varimax confirmou a estrutura fatorial do original do instrumento, atestando a possibilidade de utilização do mesmo em contextos de investigação, clinico e de intervenção. No que se refere ao Estudo 3, os resultados da análise comparativa entre adolescentes imigrantes e nativos, sugerem que os adolescentes nativos se percecionam como mais autónomos e com melhor comunicação e relacionamento com a família e grupo de pares. Por outro lado, os adolescentes imigrantes apresentam índices mais elevados ao nível Estado de Humor Geral e Papéis, comparativamente com os nativos portugueses. De entre os imigrantes, os adolescentes de origem brasileira relataram maior Controlo Comportamental por parte dos pais. Finalmente, não se evidenciaram diferenças significativas entre os dois grupos no que respeita à Qualidade de Vida Relacionada com a Saúde. Estes resultados são discutidos com base numa abordagem desenvolvimental-ecológica da adolescência.

Identificador

http://hdl.handle.net/10400.1/7611

101289863

Idioma(s)

por

Direitos

openAccess

Palavras-Chave #Estilos de educação parental #Relações familiares #Psicopatologia #Resiliência #Qualidade de vida #Saúde #Adolescência #Imigração #Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Psicologia
Tipo

doctoralThesis