Respostas agudas de pressão arterial e variabilidade da frequência cardíaca são dependentes do volume total do exercício aeróbio em adultos saudáveis


Autoria(s): Felipe Amorim da Cunha
Contribuinte(s)

Eliete Bouskela

Mário Fritsch Toros Neves

Paulo de Tarso Veras Farinatti

Pedro Paulo da Silva Soares

Marcos Doederlein Polito

Data(s)

03/10/2014

Resumo

A hipotensão pós-exercício (HPE) é um fenômeno de relevância clínica, mas dúvidas persistem no tocante ao efeito do modo e da forma de execução (contínua vs. acumulada) do exercício aeróbio para sua manifestação, bem como o papel do controle autonômico cardíaco como mecanismo fisiológico associado à HPE. Assim, a presente tese objetivou: a) investigar a HPE induzida por sessões aeróbias de exercício isocalórico contínuo e acumulado; b) comparar as respostas de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) após teste cardiopulmonar de exercício máximo (TCPE) em três modalidades; c) verificar a influência do modo de exercício e do controle autonômico cardíaco em repouso sobre a reativação vagal após TCPE. No primeiro estudo, 10 homens saudáveis (idade: 27,6 3,5 anos) realizaram TCPEs de corrida e ciclismo para medida do consumo de oxigênio de pico (VO2pico) e sessões contínuas (400 kcal) e acumuladas (2 x 200 kcal) de corrida e ciclismo à 75%VO2reserva. A PAS e PAD reduziram similarmente após exercício contínuo e acumulado (4,6 2,3 vs. 5,2 2,3 mmHg, 2,6 2,5 vs. 3,6 2,5 mmHg, respectivamente, P > 0,05). Porém, a corrida provocou maior declínio na PAS do que o ciclismo (P < 0.05). A atividade simpática (componente de baixa frequência, LF) e parassimpática (componente de alta frequência, HF) aumentou (P < 0,001) e diminuiu (P < 0,001) em relação à sessão controle, elevando o balanço simpato-vagal (razão LF:HF) (P < 0,001) que foi inversamente correlacionado ao ΔPAS e ΔPAD (r = -0,41 a -0,70; P < 0.05). No segundo e terceiro estudos, 20 homens saudáveis (idade: 21.2 3.0 anos) realizaram três TCPEs (ciclismo, caminhada e corrida). No segundo estudo, investigou-se a resposta aguda da PA, débito cardíaco (Q), resistência vascular periférica (RVP), sensibilidade do barorreflexo arterial (SBR), variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e dispêndio energético durante 60 min após os TCPEs e sessão controle. Comparado ao controle, somente a corrida modalidade envolvendo maior dispêndio energético total (P < 0,001) - foi capaz de reduzir a PAS no pós-exercício (P < 0,001). Mudanças na RVP, SBR, LF, e razão LF:HF foram negativamente correlacionadas às variações na PAS (-0,69 a -0,91; P < 0,001) e PAD (-0,58 a -0,93; P ≤ 0,002). No terceiro estudo, examinou-se a reativação parassimpática após cada TCPE pela raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos R-R normais adjacentes em janelas de 30 s (rMSSD30s). Apesar da menor FCpico, VO2pico e dispêndio energético no ciclismo vs. caminhada e corrida (P < 0,001), a reativação parassimpática foi significativamente mais rápida após o ciclismo (P < 0,05). Outrossim, o Δ rMSSD30-180s foi positivamente correlacionado ao HF (rs = 0,90 a 0,93; P < 0,001) e negativamente correlacionado ao LF e a razão LF:HF medidos no repouso (rs = -0,73 a -0,79 e -0,86 a -0,90, respectivamente; P < 0,001). Em conclusão, a forma de execução do exercício aeróbio não interfere na magnitude da HPE, mas a HPE é dependente do modo ou o volume total de exercício. Os resultados também indicam que o padrão de recuperação do controle autonômico cardíaco pela análise espectral da VFC pode ter um papel importante na indução da HPE.

Postexercise hypotension (PEH) is a phenomenon of clinical relevance, but doubts persist regarding the effect of the mode and manner of execution (continuous vs. cumulative) of aerobic exercise for its manifestation, as well as the role of cardiac autonomic control as physiological mechanisms associated with PEH. Thus, this thesis aimed to: a) investigate the PEH elicited by isocaloric bouts of continuous and accumulative aerobic exercise; b) to compare the acute responses of systolic (SBP) and diastolic blood pressure (DBP) after maximal cardiopulmonary exercise tests (CPET) performed using three exercise modalities; and c) to determine the influence of exercise mode and cardiac autonomic control at rest on the vagal reactivation after CPET. In the first study, ten healthy men (age: 27.6 3.5 yrs) performed maximal CPETs to determine the peak oxygen uptake (VO2peak), and continuous (400 kcal) and accumulated (2 x 200 kcal) exercise bouts of running and cycling at 75% VO2reserve. The SBP and DBP decreased similarly after continuous and accumulated exercise (4.6 2.3 vs. 5.2 2.3 mmHg, 2.6 2.5 vs. 3.6 2.5 mmHg, respectively, P > 0.05). However, running elicited greater SBP reductions than cycling (P < 0.05). The sympathetic (low frequency component, LF) and parasympathetic (high frequency component, HF) activity increased (P < 0.001) and decreased (P < 0.001) from baseline, increasing the sympathovagal balance (LF:HF ratio) (P < 0.001) that was inversely related to ΔSBP and ΔDBP (r = -0.41 to -0.70; P < 0.05). In the second and third studies, 20 healthy men (age: 21.2 3.0 yrs) performed three CPETs (cycling, walking and running). The second study investigated the acute response of BP, cardiac output (Q), peripheral vascular resistance (PVR), spontaneous baroreflex sensitivity (SBR), heart rate variability (HRV) and energy expenditure during 60 min after exercise and a control session. Compared to the control, only running the exercise mode involving greater energy expenditure (P <0.001) - was able to reduce the SBP after exercise (P <0.001). Changes in SVR, BRS, LF, and LF:HF ratio were negatively correlated to variations in SBP (range -0.69 to -0.91; P < 0.001) and DBP (range -0.58 to -0.93; P ≤ 0.002). The third study examined the parasympathetic reactivation after each CPET by the root mean square of successive R-R differences calculated for consecutive 30-s windows (rMSSD30s). Despite lower HRpeak, VO2peak and energy expenditure in cycling vs. walking and running (P < 0.001), parasympathetic reactivation was significantly faster after cycling (P < 0.05). Furthermore, ΔrMSSD30-180s was positively related to the HF (rs = 0.90 to 0.93; P < 0.001) and negatively related to the LF and LF:HF ratio (rs = -0.73 to -0.79 and -0.86 to -0.90, respectively; P < 0.001) assessed at rest. In conclusion, continuous or accumulated bouts of aerobic exercise do not affect the magnitude of PEH; but the PEH is dependent on exercise mode or the total volume of exercise. The results also indicate that the recovery pattern of HRV may have an important role in eliciting PEH.

Formato

PDF

Identificador

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8626

Idioma(s)

pt

Publicador

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ

Direitos

Liberar o conteúdo dos arquivos para acesso público

Palavras-Chave #Fisiologia cardiovascular #Hipotensão pós-exercício #Dispêndio energético #Promoção da saúde. #Cardiovascular physiology #Postexercise hypotension #Energy expenditure #Health promotion #FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR #Pressão arterial Fisiologia #Hipotensão Diagnóstico #Exercício - Fisiologia #Tolerância ao exercício #Metabolismo energético
Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica