Prevalência das injúrias orofaciais e uso de protetores bucais em uma população de atletas que praticam futebol e jiu-jitsu

Este estudo epidemiológico teve por objetivo investigar a prevalência de injúria orofacial em dois grupos de atletas. O primeiro grupo foi de atletas integrantes do Fluminense Futebol Clube, em Xerém, e o segundo de atletas praticantes do jiu-jitsu em diferentes academias ou que participaram do Campeonato Brasileiro em 2011, no Rio de Janeiro. Um examinador calibrado, auxiliado por um assistente, preencheu os questionários com todos os atletas, seguido do exame clínico de todos. Grupo I: 260 atletas do Fluminense Futebol Clube com idade média de 14,08 (DP 2,71) anos de idade, todos do gênero masculino. Grupo II: 315 atletas de diversas academias de jiu-jitsu com idade média de 26,86 (DP 8,99), dentre esses indivíduos, apenas 10 eram do gênero feminino. A prevalência de injúrias orofaciais encontrada para o Grupo I foi de 47% (n=122; IC 95% 40,94% a 52,99%) e no Grupo II de 74,6% (n=235; IC 95% 69,52% a 79,09%). Considerando-se a prevalência de trauma apenas no elemento dentário, a prevalência diminuiu de 147 injúrias para 57 traumas dentais no futebol e de 289 injúrias para 93 traumas dentais no jiu-jitsu. Foi observada uma menor prevalência de injúria orofacial nos goleiros quando comparados aos outros jogadores de futebol. A maior parte das injúrias ocorreu durante o período do treino (n=42; IC 95% 26,59% a 43,22%) e apenas 4 desses atletas usavam protetor bucal. Por outro lado, no jiu-jitsu, a prevalência de injúria variou de acordo com a cor da faixa do uniforme do atleta. Os atletas da faixa preta exibiram mais injúrias (n=83). Atletas que treinavam de 7 a 15 horas por semana, sofreram mais injúria (n=109). A maioria das injúrias ocorreu durante o treino. Somente 28,57% dos atletas (IC 95% 23,86% a 33,79%) usavam protetor bucal. Nos dois esportes, a maioria dos atletas sofreu apenas uma injúria, sendo o tipo mais frequente em tecido mole. O dente mais atingido foi o incisivo central superior. Estes dados ressaltam a importância de incentivar o uso de protetores bucais em esportes de contato como o futebol e o jiu-jitsu, onde o seu uso não é obrigatório, apesar da prevalência de injúria orofacial ser alta.

This epidemiological study aimed to investigate the prevalence of orofacial injury of two groups of athletes. The first group included athletes who were part of the Fluminense Soccer Club in Xerém, and the second group included athletes from different brazilian jiu-jitsu academies or who participated in the Brazilian Championship in 2011, in Rio de Janeiro. One calibrated examiner, with the help of the assistant, completed the forms of all athletes followed by the clinical examination of them. Group I: 260 male athletes from the Fluminense Soccer Club, mean age of 14.08 (SD 2.71). Group II: 315 athletes from a variety of brazilian jiu-jitsu academies, mean age of 26.86 (SD 8.99), among these individuals, only 10 of them were female. The prevalence of orofacial injuries found for Group I was 47% (n=122; IC 95% 40,94%; 52,99%) and for Group II was 74,6% (n=235; IC 95% 69,52%, 79,09%). When the prevalence of trauma was evaluated individually per tooth, it decreased from 147 injuries to 57 dental traumas in soccer and from 289 injuries to 93 dental traumas in brazilian jiu-jitsu. A lower prevalence of orofacial injuries in goalkeepers was observed when compared to the others soccer players. Most injuries occurred during the training period (n=42; IC 95% 26,59%; 43,22) and only 4 athletes used to wear mouthguard. The prevalence of injury in brazilian jiu-jitsu varied according to their uniform belt colour. Black belt athletes suffered more injuries (n=83). Athletes who trained between 7 to 15 hours per week experienced more injury (n=109). Most injuries occurred during training. Only 28,57% of the athletes (IC 95% 23,86%; 33,79%) used to wear mouthguard. In both sports, most of the athletes have suffered only one injury, and the most frequent type was in soft tissue. The tooth that was injured the most was the maxillary central incisor. These data reveal the importance of encouraging the use of mouthguards in contact sports such as soccer and brazilian jiu-jitsu, where its use is not mandatory, although the prevalence of orofacial injury is high.