Suspensões e desvios da escrita: travessias da filosofia na escola pública

Este texto nasce do surpreendente convite feito pelas crianças para pensar a relação entre as experiências filosóficas e a escrita na escola Municipal Joaquim da Silva Peçanha, no município de Duque de Caxias. Convite inicialmente feito por alunos da turma 601 que, em sua maioria, no ano de 2010, participavam das experiências de pensamento quando do primeiro segmento do Ensino Fundamental. Meninos e meninas criando tempo fora do tempo. Os atravessamentos da filosofia no contexto da escola têm provocado muitas perguntas, de modo que a escrita do presente texto é, em certo sentido, uma narrativa, uma tentativa de acolher a problematização, as suspensões, os desvios de uma escrita que remetem à temporalidade complexa que vem se configurando desde que o projeto de pesquisa e extensão Em Caxias, a filosofia en-caixa? teve início, no ano de 2007. Que tempo têm inaugurado as experiências de pensamento? Será um tempo de scholé, enquanto tempo sem destinação, livre de e livre para, desde a perspectiva de Jan Masschelein e Maarten Simons? Nesse sentido, problematiza-se também que relação pode haver entre a filosofia que se faz na escola e uma escrita experiência, e em que medida os interrogantes, acima mencionados, têm potencializado o pensamento em torno da relação entre escrita, prática e vida. O encontro com as crianças e com os jovens que participam desse projeto tem feito desmoronar alguns pilares e colocado em questão muitas vezes através de situações-limite o lugar confortável das certezas, das verdades que povoam uma trajetória de formação. Lançar um outro olhar sobre essas verdades, sobre os discursos que transformam escrita e fracasso num sintagma inquebrantável. Pensar o fracasso desde uma perspectiva que, em vez de reforçar a desigualdade e a humilhação, possa mobilizar o pensamento, um outro modo de estar em presença, quem sabe um olhar poético, infantil. Nesses des-caminhos, nessas suspensões e desvios, este texto também é um convite a uma dança, à dança do pensamento. Dos movimentos desse bailado complexo e fascinante, quem sabe surjam outros encontros, outros olhares, outras relações, outras linguagens, outras escritas...

Este texto nace de la sorprendente invitación hecha por los niños para pensar la relación entre las experiencias de pensamiento e escritura en la escuela municipal Joaquim da Silva Peçanha, en Duque de Caxias. La invitación fue realizada, inicialmente, por los alumnos del grado 601 que, en su mayoría, participaban de las experiencias filosóficas cuando eran parte del primer ciclo de la enseñanza básica. Niñas y niños creando tiempo fuera del tiempo. Los atravesamientos de la filosofía en el contexto de la escuela han provocado muchas preguntas. La escritura del presente texto es un modo de acoger la problematización, las suspensiones, los desvíos que remiten a la compleja temporalidad que viene configurándose desde que el proyecto de extensión e investigación Em Caxias, a filosofía en-caixa? se inició, en el año 2007. Qué tiempo inauguraron las experiencias de pensamiento? Será un tiempo de scholé en cuanto tiempo sin destino, libre de y libre para, desde la perspectiva de Jan Masschelein y Maarten Simons? Qué relación puede haber entre la filosofía que se hace en la escuela y una escritura-experiência? En qué medida esos interrogantes problematizan la relación entre escritura, práctica y vida? El encuentro con los niños y los jóvenes que participan del mencionado proyecto ha desmoronado algunos pilares y puesto en cuestión muchas veces a partir de situaciones-límite el confortable lugar de las certezas, de las verdades que pueblan una trayectoria de formación. Mirar de otro modo esas verdades, esos discursos que transforman escritura y fracaso en un sintagma inquebrantable. Pensar el fracaso desde una perspectiva que, en vez de reforzar la desigualdad y la humillación, pueda potenciar el pensamiento, otro modo de estar en presencia, tal vez una mirada poética, infantil. En esos des-caminos, en esas suspensiones y desvíos, este texto también es invitación a una danza: la danza del pensamiento. Dos movimientos de ese baile complejo y fascinante, tal vez surjan otros encuentros, otras miradas, otras relaciones, otros lenguajes, otras escrituras.