Atividade de trabalho e desenvolvimento de adultos

Essa tese teve como objetivo realizar uma investigação teórica para analisar a relação entre atividade de trabalho e o desenvolvimento de adultos. Ao enfatizar o conceito de atividade como um ponto de vista a orientar a pesquisa sobre os processos de trabalho e organizacionais, entende-se aqui que o desenvolvimento de adultos (e seus impedimentos) no trabalho, pode ser um fator relevante que auxilia na tarefa de compreender estes processos. O formato de tese pela qual se fez opção foi a de cinco capítulos-artigos que, embora tenham autonomia entre si, foram articulados de forma que atendessem o objetivo geral da tese. A démarche ergológica serviu como orientação para a mobilização de diferentes referenciais teórico-metodológicos, buscando colocá-los em diálogo. Procurou-se, primeiramente, explorar as bases teóricas que fundamentam o conceito de atividade na Psicologia, particularmente aquele utilizado nas diferentes correntes e abordagens de estudo sobre o trabalho que, no Brasil, fazem parte do campo denominado Psicologia do Trabalho & Organizacional PT&O. Posteriormente foram confrontadas duas abordagens contemporâneas que investigam o desenvolvimento de adultos no trabalho sob o ponto de vista da atividade: a Didática Profissional e a Clinica da Atividade. Em seguida, procurou-se demonstrar que a Abordagem Sócio-Técnica, ao introduzir o tema da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) nos anos 1960 e 1970, já apontava para questões centrais referentes à atividade de trabalho e o desenvolvimento de adultos. Por último, buscou-se uma melhor compreensão acerca do desenvolvimento de adultos a partir de uma análise situada do trabalho realizado por uma gerente setorial de uma grande empresa pública. A investigação empreendida, permitiu concluir que o desenvolvimento de adultos no trabalho é possibilitado a partir da ocorrência de dois fenômenos i) confrontação ativa com o meio, fazendo com que os indivíduos reconfigurem, mesmo que de forma não consciente, aquilo que eles encontram previamente em uma situação de trabalho. ii) Mediação social, por meio da linguagem, desta vivência de confrontação com o meio.

This thesis aims to perform a theoretical investigation in order to analyze the relationship between work activity and adult development. By emphasizing the concept of activity as a point of view to guide the research on organizational and work processes, it is understood here that the development of adults (and their constraints) at work can be an important factor that helps understanding and transforming these processes. The thesis has a chosen format of five chapters-papers that, although independent among themselves, have been articulated to meet the overall goal of the thesis. The ergologic démarche served as guidance for the mobilization of different theoretical and methodological frameworks, seeking to engage them in a dialogue. Our study first sought to explore the theoretical foundations that underlie the concept of activity in psychology, particularly the one used in the different approaches and currents of study on labor, all of which, in Brazil can be understood as belonging to the field called Work & Organizational Psychology W&OP. In a second moment, two contemporary approaches that investigate adult development at work from the point of view of activity were compared: Professional Didactics and the Clinic of Activity. With these two currents as a reference, this thesis sought a better understanding of adult development from a situated analysis of the work performed by a sector manager of a large state-owned company. Finally, we sought to demonstrate that the Socio-Technical Approach, by introducing the theme of quality of work life (QWL) during the 1960s and 1970s, already indicated key issues related to work activity and adult development. The undertaken research allowed us to conclude that adult development at work is made possible from the occurrence of two phenomena: i) active confrontation with the environment, causing individuals to reconfigure, even in a non-conscious manner, what they previously find in a work situation. ii) Social Mediation, through language, of this experience of confrontation with the environment.