NÃO ESTOU SÓ: o uso dos celulares e a cultura de consumo na ficação de jovens do Rio de Janeiro


Autoria(s): Leonardo Cruz da Silva
Contribuinte(s)

Luiz Felipe Baêta Neves Flores

Denise da Costa Oliveira Siqueira

Ana Maria Nicolaci-da-Costa

Maria de Fátima Viera Severiano

Ariane Patrícia Ewald

Data(s)

25/09/2009

Resumo

O objetivo dessa pesquisa foi analisar como se dão as relações afetivas através da socialização de jovens cariocas de classe média da zona sul do Rio de Janeiro, estabelecidas através do contato por telefonia celular. Com isso, foi possível verificar as novas dinâmicas na subjetividade contemporânea, pautadas na cultura de consumo, a partir da apropriação desse conjunto de tecnologias da comunicação, nas relações sociais e afetivas, em especial na ficação, além das relações entre amigos e namorados. Parto do pressuposto de que os indivíduos contemporâneos estão se apropriando, em larga escala, das tecnologias de comunicação, tornando cotidiana e corriqueira a efetuação de contatos sociais intermediados por tais artefatos tecnológicos. Para este estudo, utilizei como metodologia uma compilação de etnografias (visto que cada antropólogo organiza no campo a sua etnografia), para que fosse possível o acesso de diversas nuanças das relações afetivas em territórios privados e íntimos dos jovens que participaram deste estudo através de entrevistas e observação participante. Constatei que eles se apropriaram do celular como conjunto de tecnologias de comunicação pessoal portáteis e, em especial, das mensagens de texto como uma forma de manutenção e ampliação das relações afetivas através de estratégias de performance que possibilitam: seduzir concomitantemente diversas pessoas com mínimo investimento afetivo e exposição e máximo aproveitamento no tocante a estímulos de sedução; manter registros afetivos regulares entre namorados, independente de onde e do que estejam fazendo, visto que as mensagens podem ficar armazenadas e serem acessadas com discrição mesmo em lugares e situações em que seria inapropriado falar por telefone; registrar memórias afetivas, em virtude de no celular poder ser armazenado e revisto um grande número de dados que se tornam marcos de referência de situações amorosas; estimular recordações de emoções vivenciadas em cada situação e; marcar encontros de sociabilização entre amigos com o mínimo investimento de tempo e baixo custo de comunicação e máxima eficiência na recepção do conteúdo informacional. Dentro deste cenário, verifiquei que a dinâmica social gerada possivelmente reflete em mudanças nas formas com que os relacionamentos afetivos são mantidos e ampliados, favorecendo com isso a constituição de novas subjetividades.

The aim of this study was to analyze how are constructed the affective relationships by networks of socialization of middle-class youths living in Rio de Janeiro's South Zone, established through cell phone contact. Thus it was possible to verify the new dynamics in contemporary subjectivity, framed in the culture of consumption, from the appropriation of this set of communication technologies in social and emotional sets of life, especially in the casual relationships and the ones between friends and lovers. The primary assumption is that people in contemporary society are appropriating the communication technologies on large scale, and that current social contacts are being increasingly intermediated by such technological artifacts. For this study, the methodology employed was a compilation of ethnographies (considering that each anthropologist organizes, in the field, his own ethnography),to allows access to various nuances of the affective relationships of the young study participants in private and intimate situations through interviews and participant observation. It was observed that they use cell phones as a set of technologies for portable and personal communication, specially text messages, to maintain and expand the affective network through performance strategies that allow to: seduce many people at the same time with minimal emotional investment and best use of stimuli seduction; keep regular affective records between lovers, regardless of their location or activity, since the messages can be stored and accessed in places and situations where it would be inappropriate to talk by phone; register emotional memories, because in cell phones a large number of data can become mementos of affective relationships; stimulate memories of emotions experienced in each situation; and to set dates and meetings for socializing with friends with the minimum investment of time and cost of communication and maximum efficiency in the receipt of the informational content. Within this context, the conclusion is that the social dynamics generated possibly reflects changes in the ways how affective relationships networks are maintained and expanded, favoring the formation of new subjectivities.

Formato

PDF

Identificador

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5143

Idioma(s)

pt

Publicador

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ

Direitos

Liberar o conteúdo dos arquivos para acesso público

Palavras-Chave #PSICOLOGIA SOCIAL #Youth. #Mobile phone #Contemporary subjectivity #Juventude #Communication and information #Comunicação e informação #Subjetividade contemporânea
Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica