O jovem, o Orkut e a escola: suas relações

O presente estudo está voltado para a reflexão sobre os jovens, o Orkut e a escola. Tem como objetivos fundamentais compreender as formas de interação que o Orkut propicia aos jovens e como elas os auxiliam a repensar novas configurações para suas escolas e assim, contribuir para práticas escolares comprometidas com a formação de jovens críticos e transformadores e com visões coletivas de mundo. Através do confronto de diferentes vozes dos jovens com a minha, enquanto pesquisadora, debrucei-me sobre os diversos modos de usos do comunicador instantâneo da internet, o Orkut, no sentido de buscar compreensão de como os jovens tem construído suas imagens, valores, identidades em um espaço relacional, na maior parte das vezes lúdico, que se expande numa vasta rede de múltiplos textos e contextos, e como seus desdobramentos os possibilitam a repensar o espaço escolar. Esta tarefa não se esgotou enquanto alvo de investigação, mas também abriu espaço para a construção de novas relações instauradas no diálogo dentro da escola, tecidas no próprio processo de pesquisa. Sustentado pela perspectiva teóricometodológica que tem por base os conceitos de dialogismo e alteridade de Mikhail Bakhtin (1992, 2002, 2003), onde o outro é assumido como aquele que afeta e confere acabamento às diferentes visões e compreensões de mundo, o diálogo estabelecido no processo de pesquisa se manteve sob condição de tensão. Escuta e respostas se alteraram, pontos de vista e valores foram confrontados, desnudando e permitindo a negociação de sentidos. Este modo de pesquisar também permitiu a intervenção, como ato educativo, instaurando o distanciamento reflexivo em relação ao ambiente escolar e aos usos do Orkut e favorecendo, a partir do olhar do outro, o acesso a diferentes significados, para fazer frente aos discursos sustentados como verdadeiros e absolutos, que atravessam as experiências escolares e usos que os jovens fazem do Orkut, permitindo novas percepções, relações e redimensionamentos.

The current study is geared towards the thought on youngsters, Orkut and the school. It aims fundamentally to comprehend the ways of interaction, with which Orkut provides youngsters, and how these means aid them to rethink new configurations for their schools, hence contributing to school practices committed to forming critical and transforming youngsters with a collective view of the world.By confronting my personal views with youngsters different opinions, as a researcher, I concentrated my analysis on the several uses of the immediate-communication Orkut, so as to comprehend how youngsters have built their images, values, identities in a relational ambient, mostly ludic, which expands into a vast net of multiple texts and contexts, and how its repercussions allow them to rethink the school environment. This task was not exhausted as the main theme, yet it also provided an opportunity to construct new relations engendered in the dialogue within the school, developed throughout the research process. Supported by the theoretical-methodological approach, whose foundations lie upon Mikhail Bakhtins (1992, 2002, 2003) concepts of alterity and dialogism, according to which the other is deemed as the one who affects and provides improvements for the distinct views and comprehension of the world, the dialogue established in the research process was constantly tense. Listening and responses were altered, viewpoints and values were confronted, revealing and permitting the negotiation of senses. This means of researching also allowed intervention, as an education act, distancing the thought from the school environment and the uses of Orkut, favouring, from the others point of view, the access to different meanings, to face the supposedly true and absolute discourses that pervade school experiences and the uses youngsters make of Orkut, allowing new perceptions, relations and redimensioning.