Avaliação da estabilidade da cirurgia de avanço mandibular através da superposição de modelos tridimensionais


Autoria(s): Felipe de Assis Ribeiro Carvalho
Contribuinte(s)

Alexandre Trindade Simões da Motta

Marco Antonio de Oliveira Almeida

Lúcia Helena Soares Cevidanes

Flavia Raposo Gebara Artese

Paulo José DAlbuquerque Medeiros

Data(s)

12/08/2009

Resumo

Embora a cirurgia de avanço mandibular seja considerada um procedimento altamente estável, existem algumas preocupações clínicas em relação a mudanças nos côndilos e nos segmentos proximais, que podem levar a recidiva sagital e abertura de mordida. A avaliação dos resultados da cirurgia através de ferramentas de geração e superposição de modelos virtuais tridimensionais (3D) permite a identificação e quantificação dos deslocamentos e remodelação óssea que podem ajudar a explicar as interações entre os componentes dentários, esqueléticos e de tecido mole que estão relacionados a resposta ao tratamento. Este estudo observacional prospectivo avaliou, através de tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT), mudanças na posição/remodelação 3D dos ramos mandibulares, côndilos e mento. Assim, exames CBCT de 27 pacientes foram adquiridos antes da cirurgia (T1), imediatamente após a cirurgia(T2), e 1 ano após a cirurgia(T3). Uma técnica automática de superposição na base do crânio foi utilizada para permitir a avaliação das mudanças ocorridas nas regiões anatômicas de interesse (RAI). Os deslocamentos foram visualizados e quantificados em mapas coloridos 3D através da ferramenta de linha de contorno (ISOLINE). Pelo teste t pareado compararam-se as mudanças entre T1-T2 e T2-T3. O coeficiente de correlação de Pearson verificou se os deslocamentos ocorridos nas RAI foram correlacionados entre si e entre os tempos de avaliação. O nível de significância foi determinado em 0,05. O avanço mandibular médio foi de 6,813,2mm em T2 e 6,363,41mm em T3 (p=0,13). Entre T2 e T3, a posição do mento variou positivamente (≥2mm) em 5 pacientes negativamente em 7. 12% dos pacientes sofreram recidivas ≥4mm. Para todas as outras RAI avaliadas, apenas a porção inferior dos ramos (lado direito - 2,342,35mm e lado esquerdo 2,972,71mm) sofreram deslocamentos médios >2mm com a cirurgia. No acompanhamento em longo prazo, esse deslocamento lateral da porção inferior dos ramos foi mantido (lado direito - 2,102,15mm, p=0,26; e lado esquerdo -2,762,80, p=0,46), bem como todos os outros deslocamentos observados (p>0,05). As mudanças na posição do mento foram correlacionadas a adaptações pós-cirúrgicas nos bordos posteriores dos ramos (esquerdo r=-0,73 e direito r=-0,68) e côndilos (esquerdo r=-0,53 e direito r=-0,46). Os deslocamentos médios sofridos pelas estruturas do lado esquerdo foram suavemente maiores do que no direito. Correlações dos deslocamentos ocorridos entre T1-T2 e T2-T3 mostraram que: os deslocamentos dos côndilos esquerdos com a cirurgia foram negativamente correlacionados às adaptações pós-cirúrgicas destes (r=-0,51); e que o deslocamento da porção superior do ramo esquerdo com a cirurgia foi correlacionado à adaptação pós-cirúrgica ocorrida nos bordos posteriores (r=0,39) e côndilos do mesmo lado (r=0,39). Pode-se concluir que: (1) os deslocamentos causados pela cirurgia foram de modo geral estáveis no acompanhamento de 1 ano, mas identificou-se uma considerável variação individual; (2) as mudanças pós-cirúrgicas na posição do mento foram correlacionadas a adaptações sofridas pelos côndilos e bordos posteriores dos ramos; e que (3) deslocamentos suavemente maiores causados pela cirurgia nas estruturas do lado esquerdo levaram a maiores adaptações pós-cirúrgicas no segmento proximal deste lado.

Although mandibular advancement surgery is considered a highly stable procedure, some clinical concerns have been raised regarding condylar and proximal segment changes that may lead to sagittal relapse and anterior bite opening. Assessment of surgical treatment outcomes using three-dimensional (3D) virtual models and superimposition tools allow the identification and quantification of bone displacement and remodeling that can help explain the interactions between the dental, skeletal and soft tissue components that underpin the response to treatment. This prospective observational study evaluated changes in the 3D position and remodeling of the mandibular rami, condyles and chin at splint-removal and 1 year after mandibular advancement surgery. For that, pre-surgery(T1), splint-removal(T2), and one year post-surgery(T3) cone-beam computed tomography (CBCT) scans of 27 subjects were used. An automatic technique of cranial base superimposition was used to assess changes in the anatomic regions of interest (ROI). Displacements were visually displayed and quantified in three-dimensional color maps by means of a contour line tool (ISOLINE). A paired t-test was used to compare changes between T1-T2 and T2-T3. Pearson correlation coefficients were used to check if displacements at the ROI were correlated within each other and along the evaluated times . The level of significance was set at 0.05. The mean mandibular advancement was 6.813.2mm at T2 and 6.363.41mm at T3 (p =0.13). Between T2 and T3, the chin position was further forward 2mm or more for 5 subjects and relapsed backwards ≥2mm for 7 subjects. 12% of patients showed relapses ≥4mm. For all other evaluated ROI, only the inferior rami (right 2.342.35mm and left 2.972.71mm) had mean displacements >2mm with surgery. In the long-term follow-up, those inferior rami lateral displacements were maintained (right 2.102.15mm, p=0.26 and left 2.762.80,p=0.46), as well as all other observed displacements (p>0.05). Post-surgical movement in the position of the chin was significantly correlated to changes in the posterior borders (left r=-0.73 and right r=-0.68) and condyles (left r=-0.53 and right r=-0.46). Mean displacements of the structures at the left side were slightly greater when comparing to the right side. Correlations of T1-T2 with T2-T3 displacements showed that the displacement of the left condyles with surgery were negatively correlated to its post-surgical adaptations (r=-0.51); and that superior portion of the left ramus surgery displacement was correlated to the post-surgical adaptation at the ramus posterior border (r=0.39) and condyle at the same side (r=0.39). It can be concluded that: (1) surgery changes were generally stable in one year follow up, but with a considerable individual variability; (2) post-surgical changes at the chin position are correlated to adaptations at condyles and rami posterior borders; and that (3) slightly greater displacements with surgery at the left side lead to greater post-surgical adaptations in the proximal segment at this side.

Formato

PDF

Identificador

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2513

Idioma(s)

pt

Publicador

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ

Direitos

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Palavras-Chave #ORTODONTIA #Cirurgia #Avanço mandibular #Ortodontia #Tomografia computadorizada de feixe cônico #Imagem tridimensional #Surgery #Mandibular advancement #Orthodontics #Cone beam computed tomography #Three dimensional imaging #Boca - Cirurgia #Côndilo mandibular
Tipo

Eletronic Thesis or Dissertation

Tese ou Dissertação Eletrônica